Panda Bear a hipnotizar-nos os sentidos

Na última semana tornou-se comum ver nas redes sociais vários utilizadores a perguntar se alguém tinha bilhetes que quisesse vender para Panda Bear, no Teatro Maria Matos. Ontem, a procura intensificou-me, mas o insucesso parece ter sido transversal. O concerto estava esgotado há muito e nem o facto de Noah Lennox (o músico por trás…

Hoje, o entusiasmo transfere-se para Braga – com novo concerto esgotado no GNRation – e se se repetir o que aconteceu em Lisboa está garantido mais um espectáculo sensorial e hipnótico, com Panda Bear a criar ao vivo uma manta de retalhos fantasiosa e colorida, enquanto, numa enorme tela atrás de si, são projectados vídeos feitos ao vivo por Danny Perez, seu colaborador habitual. 

Construído como um set de DJ, sem pausas, com as transições entre canções a serem muito bem conseguidas com a introdução de sons da natureza como o vento, o mar ou o chilrar dos pássaros, o músico manuseia os botões da máquina digital de engrenagem que tem à sua frente com destreza. E a aparente frieza que exibe (culpa da sua conhecida timidez) acaba por intensificar o lado cerebral do espectáculo, com o corpo a ficar enclausurado nos ritmos cinéticos que brotam do palco. 

Sendo o mote do encontro com o público nacional o último álbum, mais de metade das canções apresentadas foram de “Grim Reaper”, com ‘Latin Boys’, ‘Crosswords’ e a belíssima ‘Tropic of Cancer’, sobre a doença terminal do seu pai, a destacarem-se como os momentos alto da actuação. No curto encore, Panda Bear resgatou ainda hinos de “Tomboy” (2011), com o público a rejubilar com 'Last Night at the Jetty’ e ‘You Can Count on Me’. E se há verdade em torno do músico que adoptou Lisboa como a sua casa permanente é que podemos, sempre, contar com ele para garantirmos uma noite especial em torno da música. 

alexandra.ho@sol.pt