Vasco Lourenço recusou, aos jornalistas, falar de nomes para as eleições presidenciais, por não querer transformar o Congresso promovido pela Associação 25 de Abril, em que participaram Carvalho da Silva, Sampaio da Nóvoa e Marinho e Pinto, no lançamento de uma candidatura presidencial.
O presidente da Associação 25 de Abril defendeu, contudo, que o próximo Presidente da República deverá ser capaz de impor ao primeiro-ministro o cumprimento das promessas feitas em campanha eleitoral.
Vasco Lourenço começou a sua intervenção de encerramento do Congresso que decorreu na sexta-feira e hoje, em Lisboa, afirmando que chegou "o tempo de se dar um estrondoso murro na mesa".
"A situação está madura para uma espécie de Abril do século XXI – sem fardas, mas com o legado do MFA [Movimento das Forças Armadas] bem presente na consciência de quem tem a arma do voto", afirmou.
Para Vasco Lourenço, é necessário urgentemente uma "tripla ruptura que passa obrigatoriamente por novas políticas, novas alianças e novas práticas de governação e de linguagem".
À saída, disse aos jornalistas que o país não pode estar "condenado ao chamado arco da governação" e que as alianças se façam sempre nesse espaço.
"Há outros partidos no terreno, quer antigos, especificamente o PCP e o BE, e há outros novos que estão a surgir. Se, como se espera, o PS for o partido maioritário e não tiver maioria absoluta, mas mesmo que tenha, deve fazer alianças, mesmo que não sejam governativas, mas alianças baseadas em políticas", afirmou.
"Já há exemplos de que isso é possível. Na Câmara de Lisboa isso foi demonstrado, na eleição do Presidente Jorge Sampaio isso foi demonstrado. Porque é que há de haver tabus de que não são possíveis outros tipos de alianças?", questionou-se.
Na sua intervenção, Vasco Lourenço afirmou que "dois partidos tornaram-se donos disto tudo – ou sozinhos, ou coligados num centrão corrupto ou, pior ainda, recorrendo a uma bengala com nome de partido, sempre pronto a partilhar a mesa do orçamento, pois para isso existe", sendo esta última referência uma alusão ao CDS-PP.
"Há 38 anos que andamos a ser governados por uma ?troika' interna que, dado o fracasso das suas políticas (sempre iguais no fundamental) já por três vezes recorreu a uma ?troika' externa – transformando Portugal num protectorado e lançando as suas populações mais frágeis, incluindo uma grande parte da classe média, para uma pobreza aviltante e/ou para a emigração", afirmou.
Vasco Lourenço declarou que "o exemplo vindo da Grécia e da Espanha" mostra que "outro caminho é possível".
Lusa/SOL