O CEO do BPI questionou a aplicação da medida de resolução ao BES e não se inibiu de criticar a Troika, em particular o BCE, o Governo e o Banco de Portugal.
A venda do Novo Banco abaixo de 4.900 milhões de euros representará perdas para o sistema financeiro. Ulrich arrisca dizer que se tal vier a acontecer haverá um risco sistémico para a banca. “As autoridades decidiram jogar à roleta com o sistema financeiro”.
“Causa-me alguma perplexidade que o BCE [Banco Central Europeu] tenha sido tão violento com o BES e ande com os bancos gregos ao colo”, questionou. “Dirão que os bancos gregos têm capital, mas não têm liquidez” e que o BES não tinha capital.
Ainda assim, Ulrich confessa: “Faz-me confusão um tratamento tão violento para o país maravilha da Troika. Troika essa que não percebeu nada do que se passava no BES”.
“Penso que a medida de resolução foi imposta pelo Governo”, afirma, acrescentando que não concorda com o modelo adoptado.
“Considero irresponsável que se atire para cima de outros bancos, accionistas e depositantes o risco ainda não quantificável” com esta medida, defende.
Se a venda do Novo Banco não representar perdas para o Fundo de Resolução, esta será “uma história de sucesso”. Caso contrário, será “um problema”.
Fernando Ulrich espera que o Governo e o Banco de Portugal tenham estabelecido um limite para as perdas e confessa que gostava de saber qual é esse o montante.
O CEO recorda que os bancos apresentaram 14 planos de financiamento à Troika no âmbito do programa de ajustamento económico e financeiro português."Tanto trabalho de tanta gente, não serviu para nada. O banco que não precisava de dinheiro público estoirou”.