Fernando Ulrich começa por contrariar notícias que indicam o desconhecimento de Vítor Gaspar, antigo ministro das Finanças, sobre os problemas no GES. O CEO do BPI citou uma declaração da Reuters, indicando que Vítor Gaspar manteve contactos com operadores financeiros entre o verão de 2012 e o verão de 2013, mas que não foram manifestadas preocupações sobre o BES.
Vítor Gaspar afirmou, em resposta por escrito, aos deputados que só teve conhecimentos da situação do Grupo Espírito Santo pelos jornais. Ulrich desmente o antigo ministro das Finanças.
Enquanto operador financeiro, Ulrich afirmou: “Gostava de dizer que falei com Vítor Gaspar, em finais de Maio ou princípio de Junho de 2013. Foi uma conversa bilateral. Referi a minha preocupação com o assunto do BES e do GES. Vítor Gaspar actuou de imediato, porque em menos de 48 horas fui contactado por um alto quadro do Banco de Portugal, instruído pelo governador".
Esse alto quadro do supervisor foi ao BPI falar com Ulrich, que nessa conversa explicou as razões de ser da preocupação. Com base em informação que era pública, o CEO alertou para a concentração de dívida de entidades do GES no Fundo ES Liquidez.
“A informação pública que existia desde finais de 2011 evidenciava a fragilidade do grupo Espírito Santo”, afirmou.
“Todas as partes envolvidas fizeram o que tinham a fazer. O ministro actuou imediatamente porque contactou o governador” e Carlos Costa instruiu um alto quadro a falar com o banqueiro.
Fernando Ulrich apresentou aos deputados uma exposição dos aumentos de capital, da exposição do BES ao GES e ao BES Angola. “O que deitou abaixo o BES foram os problemas em Angola e a exposição ao GES”.
Ulrich: Banqueiros não podem estar em “torres de Marfim”
Numa declaração inicial, o CEO do BPI elogiou os trabalhos realizados pela CPI e defendeu que é “muito importante” a actividade dos banqueiros ser escrutinada pelos deputados eleitos pelo povo português.
“É muito importante que prestem contas. Não podem estar em torres de Marfim”, disse o banqueiro que está no BPI há 32 anos e ocupa a comissão executiva há 11 anos. Trabalhar no BPI é “um modo de vida, é uma paixão. Defendo os interesses do BPI e por isso não procuro ser independente”.
Numa espécie de declaração de interesses, Fernando Ulrich recordou que é amigo de muitos membros da família Espírito Santo. Uma amizade que remonta ao tempo dos seus avós.