O presidente da comissão executiva do BPI recorre a uma imagem para ilustrar o actual nível de preocupação dos supervisores financeiros com os detalhes, em detrimento de questões de maior amplitude.
Para o banqueiro, os supervisores “estão dominados por papéis, regras, mapas e templates”. “Duvido que a cabeça humana consiga tirar valor de tanta informação e tanto detalhe”, afirma.
“Percebo que a historia recente tenha conduzido a isso, mas acho contra-producente”, refere.
Para Fernando Ulrich, falta experiência a muitos profissionais, mesmo aos académicos “perfeitos”. “A experiência ajuda e tem valor em situações de crise”.
“São fantásticos a trabalhar ao microscópio, mas não conseguem ver passar o elefante. Não é assim que se caça o elefante. Nunca cacei nada, nem pardais, quanto mais elefantes. Estão [supervisores] viciados no microscópio e não conseguem ver o elefante a passar por maior que seja”, compara Fernando Ulrich.
O CEO aconselha: “Penso que devem dar menos importância ao detalhe e olhar para as questões essenciais visíveis à vista desarmada. Deviam ouvir mais as pessoas, confrontar as opiniões”.
Ulrich remata: “Na supervisão estão assoberbados de informação e admiro-me como conseguem viver assim”.
Ulrich avalia o mecanismo único de supervisão, em vigor desde 4 de Novembro de 2014, como uma “experiência tem sido muito positiva”.