Amianto fica na Ria Formosa

A Almargem, associação de defesa do património e do ambiente baseada no Algarve, pediu ao Ministério do Ambiente que trave as demolições de casas ilegais na Ria Formosa, mais exactamente na praia de Faro e na ilha da Culatra. A organização denuncia que as entidades que  procedem à operação estão a deixar no areal uma…

“Estamos em desacordo com a forma como foram planeadas as operações de demolição de casas na Ria Formosa”, diz fonte da Almargem. E explica: “Os cuidados no que respeita ao manuseamento e encaminhamento dos entulhos deixam muito a desejar. A forma como está a ser feito o derrube das casas, com auxílio de maquinaria pesada, garante certamente uma maior celeridade de processos, mas implica a produção de uma enorme quantidade de entulho miúdo que fica espalhado pela areia”. Mas, “o mais grave de tudo é que parte desse entulho contém amianto”, cujo processamento deve obedecer a regras de cuidado extremo.

Por isso, a associação já solicitou ao Ministério do Ambiente que suspenda as demolições, tendo em conta as “ilegalidades ambientais”. Mas também denuncia “injustiças sociais criadas pelo processo”: na praia de Faro, por exemplo, estão a ser deixadas em pé construções de dois e de três andares, enquanto as casas térreas são demolidas, o que, diz a Almargem, “não faz sentido do ponto de vista ambiental”.

195 demolições completas

Segundo fonte oficial do Polis Litoral Ria Formosa, nesta primeira fase, foram já totalmente demolidas 195 edificações e estão sem cobertura outras 60. 

Também a Quercus revelou, esta quarta-feira, a sua discordância pela forma como as demolições estão a decorrer, tendo já pedido esclarecimentos à Agência Portuguesa do Ambiente. 

Àquela associação ambientalistas já chegaram dezenas de queixas de moradores da zona, sobre o amianto deixado na praia de Faro – que a Quercus confirmou numa visita ao local, avançou ao SOL Fernando Dias, da associação. 

A Quercus discorda, porém, da posição da Almargem no que diz respeito à suspensão dos trabalhos: “Há muito tempo que estas demolições deveriam ter avançado e, em termos de alterações climáticas, as construções terão um efeito tremendo no futuro”, explica o responsável. “Acreditamos que as autoridades ambientais devem actuar para travar o abandono do amianto na praia, mas as demolições devem avançar”, considera. 

Polis garante legalidade 

Questionada pelo SOL, fonte oficial da Polis Litoral Rio Formosa garante, por seu lado, que a “remoção das placas de fibrocimento que é feita no âmbito da empreitada, incluindo a remoção de resíduos contendo amianto, é feita de acordo com a lei”. E que “a remoção do fibrocimento, contendo amianto, está a ser executada manualmente por trabalhadores com formação específica para trabalhos com amianto”. 

A mesma fonte oficial garante que os “os trabalhos foram devidamente acompanhados pela empresa de Fiscalização e Coordenação de Segurança em Obra, que possui experiência superior a oito anos neste tipo de trabalhos, possuindo técnicos com formação específica, inclusive neste temática do amianto”. Por outro lado, as “paletes de fibrocimento (que contêm unicamente 10% a 15 % de amianto crisótilo), encontram-se embaladas, filmadas e identificadas e foram encaminhadas para aterro devidamente autorizado em Beja”.

Fonte do Ministério do Ambiente adiantou ainda ao SOL que a origem do amianto está a ser averiguada.

sonia.balasteiro@sol.pt