E os nossos?

É moda: basta fazer zapping pelos canais nacionais e internacionais (e não é de agora) e constatar que os programas de televisão para encontrar grandes vozes nascem como cogumelos um pouco por todo o lado, em formatos mais ou menos parecidos. De facto, cada vez que os vemos, automaticamente nos interrogamos sobre como é possível…

Mas existem de facto. É um dom e nasce com mais pessoas do que parece. E quantas vozes dessas é que dão cantores de sucesso? Muito poucos. O que ainda ninguém se lembrou – ou se existe eu desconheço – é de fazer programas a premiar os grandes produtores, aqueles que fazem músicas que dão hits mundiais e que ainda as cantam, por vezes com menos voz que esses mas com canções que nos entram no ouvido e fazem cantarolar na rua ou no banho mesmo nós, que não nascemos para isso.

Vem isto a propósito do gozo que se transformou hoje em dia a quantidade de DJ existentes no mercado. Mas o que é facto é que esses são no fundo o sinónimo profissional dos cantores de covers, podem ser grandes, misturar muito bem e levantar pistas de dança, mas nunca serão verdadeiramente reconhecidos porque não são os autores das mesmas. Limitam-se a passar (bem ou mal ) as composições dos outros e também são precisos. Alguém tem que o fazer!

É para mim no entanto fundamental sabermos separar os méritos e para mim não há como quem tem a capacidade de inventar letras e músicas que põem milhões a cantar. Inventar sim, um acorde aqui, uma batida ali, quase do zero. Criatividade no seu estado mais puro. 
Nas minhas últimas incursões pela noite tenho-me apercebido de que estamos a viver uma fase fantástica em Portugal a esse respeito. Na música electrónica, mais especificamente, e temos a obrigação de alimentar e dar valor a quem o faz. Não me lembro sinceramente de termos tantas e tão boas músicas a passar nas nossas pistas (e lá fora também) como agora. Nem em quantidade nem em qualidade.

É obrigatório ouvir alguns temas do Alkalino, já muito conhecido além-fronteiras e os mais recentes lançamentos do Mirror People, como 'I need your love', o novo álbum absolutamente fantástico do Xinobi, de onde sobressai 'Real Fake', que eu adoro, mas também as do Moullinex, com quem partilha a label  DiscoTexas. Os próprios Thunder & Co, que vão dando cartas nos últimos tempos.

Às vezes ouvimos estas músicas e gostamos sem saber que são portugueses, sem nos apercebermos que são dos nossos e que merecem ser reconhecidos. Vamos a Espanha e ouvimos uma série de 'pimbalhadas' e que só por serem na língua deles passam em todas as rádios. Nós por cá temos estes diamantes em bruto e não lhes damos o devido valor! Acho que está na hora, se não qualquer dia o melhor é hibernar…