Espanha: PSOE reeleito na Andaluzia, PP em queda, Iglesias… separado

No primeiro grande teste aos partidos espanhóis num ano de eleições em três frentes, a mais populosa autonomia reconduziu os socialistas no poder e penalizou os populares.

Espanha: PSOE reeleito na Andaluzia, PP em queda, Iglesias… separado

O PSOE andaluz de Susana Díaz venceu as eleições autonómicas antecipadas deste domingo com cerca de 36% dos votos. Com os mesmos 47 mandatos conquistados em 2012, os socialistas voltam a falhar a maioria absoluta na região onde estão no poder há 33 anos, precisando de negociar novamente um acordo com outro partido. Mas celebram o naufrágio do PP. Os populares, mais votados há três anos mas sem conseguirem formar governo, perderam 17 dos 50 mandatos anteriormente alcançados e receberam 27% dos escrutínios.

O Podemos, como previsto, é agora a terceira força na Andaluzia com 15% dos votos e 15 mandatos. O Ciudadanos, nova formação centrista estrela nas mais recentes sondagens nacionais e que se testa pela primeira vez fora da Catalunha, foi o quarto partido mais votado – 9,4% das preferências e 9 mandatos. A IUCV-CA (Esquerda Unida / Os Verdes – Convocatória pela Andaluzia), que viabilizou o anterior executivo minoritário de Díaz, perdeu mais de metade dos assentos parlamentares autonómicos e obteve menos de 7%.

A vitória do PSOE foi tudo menos retumbante, já que terá perdido 10% dos votos em termos absolutos, discutindo à centena o 47º deputado autonómico com o Podemos em Huelva. É no entanto um balão de oxigénio para o líder nacional Pedro Sánchez (e mais um empurrão para a ascensão de Díaz), sobretudo num cenário de rápida erosão do apoio aos dois principais partidos espanhóis.

Os resultados do Podemos e do Ciudadanos, cujo líder nacional Albert Rivera disse hoje que “o bipartidarismo morreu”, confirmam que há agora quatro forças em disputa pelo poder num ano em que os espanhóis votam em três frentes. Há municipais e regionais em 13 das 17 das autonomias a 24 de Maio (a Catalunha vota para a sua Generalitat em Setembro) e legislativas nacionais, por marcar até Dezembro.

Juan Marín, cabeça de lista do Ciudadanos na Andaluzia, e o líder nacional Albert Rivera sinalizam os nove deputados eleitos pelo novo partido

Já o PP, no poder em Espanha, ouve definitivamente os alarmes soarem com a perda de meio milhão de votos na Andaluzia, no que a imprensa espanhola descreve esta noite como uma clara transferência de votos para o Ciudadanos.

'Drama' no Facebook

O domingo em Espanha não terminaria sem a notícia da separação de Pablo Iglesias, líder nacional do Podemos, e Tania Sánchez. Foi a própria ex-deputada madrilena eleita pela IU que divulgou no Facebook uma nota assinada por ambos logo a seguir ao anúncio dos resultados andaluzes, “para evitar rumores e debates mal-intencionados” numa altura em que estão em curso negociações de alianças pré-eleitorais nacionais. E esse é o valor político dessa informação de outro modo destinada às páginas da imprensa cor-de-rosa. Sánchez tinha abandonado a IU em Fevereiro para fundar um novo partido na Comunidade de Madrid.

No início do ano, o mediático casal de políticos tinha desmentido notícias sobre uma separação, com Iglesias a condenar a “miserável” exploração da sua vida sentimental por parte dos adversários. O fim da relação iniciada em 2011 é agora confirmado numa nota em que ambos reafirmam amizade e admiração mútua.

pedro.guerreiro@sol.pt