Segundo o procurador da República de Marselha, Brice Robin, responsável pela investigação, agora o inquérito “orienta-se para a personalidade do co-piloto”, escreve o Le Monde. “O co-piloto iniciou a descida do aparelho por uma razão que ignoramos totalmente”, explicou na manhã desta quinta-feira em conferência de imprensa. “Mas pode concluir-se que houve uma vontade de destruir o avião”. O co-piloto chama-se Andreas Lubitz, tinha 28 anos e era alemão (ver fotografia em baixo publicada pela revista Paris Match).
O magistrado disse ainda que o co-piloto estava vivo no momento em que o comandante tenta entrar na cabine, porque se ouve a sua respiração, que não é característica de uma pessoa que está a sofrer um ataque cardíaco, por exemplo. Mas durante este momento em que não abriu a porta e activou a descida do avião “não pronunciou uma palavra”.
Do que se ouve na caixa negra, na conversa entre os pilotos nos primeiros 20 minutos de voo "não se passa nada de anormal", mas depois quando o comandante dá indicações sobre a parte final do voo, Lubitz fica "lacónico", com "respostas anormalmente breves" escreve o diário francês.
A partir do momento em que o comandante sai da cabine, o co-piloto, "sozinho aos comandos do avião, manipula os botões do que se chama 'flight monitoring system' e inicia a descida", explicou o procurador. Há vários pedidos do comandante para que Andreas Lubitz lhe dê aceso à cabine, mas este "nunca responde". "Ouve-se uma respiração dentro da cabine até ao impacto final. O co-piloto estava, à priori, vivo".
O procurador acrescenta que se ouvem os contactos que a torre de controlo de Marselha tenta em vão fazer, porque o Lubitz não responde. De seguida ouvem-se os alarmes que alertam para a aproximação ao solo, relata ainda o Le Monde.
"É nesta altura que se ouve bater na porta violentamente, aparentemente para a forçar, porta que está blindada segundo as normas internacionais contra os ataques terroristas", continuou Brice Robin.
Em mais um relato arrepiante, o procurador contou que os "passageiros só se deram conta no último momento, uma vez que os gritos só se ouvem nos instantes finais, mesmo antes do impacto".
Brice Robin, prossegue o jornal francês, acrescentou ser impossível forçar o co-piloto a abrir a porta, uma vez que depois do 11 de Setembro o sistema de segurança em vigor deixa esta opção para quem está dentro da cabine. O objectivo – que desta vez funcionou exactamente ao contrário do previsto – era o de prevenir um ataque terrorista.
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