Tal como todos os amigos, aos 13 anos Gileno Santana queria ser futebolista. Mas a falta de talento para o desporto era constrangedor e afastava-o sucessivamente do campo. A frustração acabou por ser bem superada quando descobriu o trompete, depois de outro amigo que também não dominava a bola lhe ter convidado a integrar uma banda filarmónica de Salvador da Bahia, a sua cidade natal. “Houve uma intimidade muito rápida com o instrumento e, em poucas semanas, tive noção de que aquilo me saía com facilidade”. Assim, aos 17 anos, quando o brasileiro se radicou em Portugal, a música já fazia parte do seu ADN.
Depois de vários anos a trabalhar com bandas nacionais (Expensive Soul, Pedro Abrunhosa e Dino D'Santiago), Gileno Santana tornou-se membro da Orquestra Jazz de Matosinhos e está agora empenhado em divulgar o seu trabalho a solo, Metamorphosis. O disco é, aliás, o mote para o concerto de hoje, no Teatro-Estúdio Mário Viegas, inserido na 13.ª Festa do Jazz do São Luiz, em Lisboa – que decorre desde hoje até domingo -, mas o trompetista adverte que o espectáculo não será a reprodução fiel ao vivo do registo. “Mudei a banda inteira, por isso fazia sentido ter composições novas”, diz.
À semelhança de Metamorphosis, a música de Gileno não se fecha num estilo musical, podendo ouvir-se ritmos do jazz, do rock ou da world music em poucos minutos de diferença. Um espelho sincero do que é, comenta, enquanto músico, ouvinte e pessoa.