Estes são diplomatas que vivem fora da zona euro. Como são pagos em euros, e o euro tem vindo a depreciar-se (este é o termo correcto, e não “desvalorizar-se”, que é uma medida administrativa, independente dos mercados cambiais), quando fazem a conversão dos salários em euros para a moeda local, os diplomatas ficam a perder dinheiro em relação a alguns meses atrás.
Se eu concordo com esta reivindicação? Não, e por duas razões.
A primeira é que estes diplomatas querem furtar-se a sacrifícios, numa altura em que em Portugal quase toda a gente tem os cordões à bolsa bem apertados.
A segunda razão é que a depreciação do euro aumenta a competitividade da nossa economia. Para produtos e serviços que exportamos, e que não tenham o preço fixo, quando se trocam os euros pela moeda “estrangeira” fica-se com menos dessa moeda de chegada. Conclusão: assim, boa parte dos nossos produtos e serviços exportáveis ficam mais baratos, e podemos vender mais.
Claro, as moedas podem estar caras ou baratas umas em relação às outras. Uma forma simples e todavia respeitada de ver se as moedas estão baratas ou caras é o índice Big Mac, calculado pela revista The Economist, e que compara os preços dos Big Mac (cuja confecção é igual em qualquer parte do mundo) de uns países para os outros.
No último cálculo, o euro estava depreciado em cerca de 10% em relação ao valor 1 (que indica que a moeda não está nem sub nem sobrevalorizada). Por outras palavras, o euro já estava barato. E, como tem continuado a cair, mais barato fica, o que é benéfico para parte das nossas exportações, que ficam também mais baratas. Portugal tem problemas mais graves, a começar pelo elevadíssimo desemprego, do que os salários dos diplomatas (os quais, calculo, não sejam muito baixos). A única maneira de fazer descer o desemprego é com crescimento económico, e a depreciação do euro ajuda a isso.