1.Lista VIP. Provavelmente sou ingénuo ou estou mal informado. Mas penso que serei a única pessoa no país que não acha mal nem estranho que exista uma lista de contribuintes que merecem salvaguardas especiais no acesso por terceiros à sua informação fiscal. Não acho razoável que um funcionário da Autoridade Tributária aceda ao perfil do Presidente da República sem uma justificação, sem uma 'necessidade de saber'. O segredo fiscal é crucial, mas é demagogia dizer que todos os contribuintes são VIP, pois nem todos são alvos potenciais das mesmas pressões ou chantagens. Isto, a meu ver, arruma a questão da substância. Resta a questão do processo, ou seja, a de como construir esta lista. Aqui as críticas parecem-me justas pois, com efeito, a lista não pode ser apócrifa nem escapar ao controlo parlamentar.
2.O que fazer com este poder? Conquistar o poder é muito mais fácil do que exercê-lo. Que o diga o primeiro ministro grego, Alexis Tsipras, cujo Governo não foi ainda capaz de produzir uma listagem detalhada das políticas que deseja implementar para assegurar o financiamento por parte das instituições internacionais, não obstante a situação desesperada em que se encontra o país. Conquistar o poder é apelar ao impossível; exercê-lo é a arte do possível.
3.Lee Kuan Ywe. Faleceu aos 91 anos o pai da Singapura moderna. Não era certamente um democrata. Talvez, se formos generosos, um ditador benevolente. Mas foi um estadista extraordinário. Nos seus cerca de 30 anos como primeiro ministro o produto per capita da cidade-estado passou de 550 dólares para 50 mil -um aumento de quase 100 vezes. Singapura transformou-se de Estado improvável (que, nas suas próprias palavras, «não devia nem podia ter existido»), num país do primeiro-mundo no seio do terceiro-mundo. A sua ideologia foi a ausência da dita: «Funciona? Se funciona vamos experimentar; se não, partimos para outra coisa».
Refrescante!