Ter começado a compor canções “mais expansivas” logo a seguir ao introspectivo Vazio Tropical (2013) também ajudou a determinar o rumo mais roqueiro de 1977 e o título, além de ser o seu ano de nascimento, também representa essa sonoridade. “O punk afirmou-se no final da década de 1970, então há esse duplo sentido”, comenta Wado, realçando que embora o nome remeta para o passado, não há nostalgia nenhuma aqui celebrada. A não ser, eventualmente, evidenciar referências da MPB e da Tropicália constantes na sua obra.
Dono de um timbre característico, onde se evidencia um “excesso de médio” na voz, Wado vê os discos como “uma polaroid” da sua vida no momento em que os faz. “Tenho escutado bandas como os Fleet Foxes e Vampire Weekend e trouxe essas influências para estas canções”. Mas não só. Quando passou por Lisboa em 2013, para actuar no MexeFest e terminar Vazio Tropical, cuja produção esteve a cargo de Marcelo Camelo (a viver na capital), o músico deixou-se cativar por alguns dos novos talentos nacionais, entre eles Samuel Úria. Por isso, quando surgiu a oportunidade para gravarem juntos, Wado não hesitou. 'Deita' junta assim as duas vozes, que para já só se conhecem no mundo virtual das redes sociais e do correio electrónico. Mas a distância será quebrada no espectáculo de Lisboa, no Musicbox, com a presença já confirmada de Úria.
São colaborações como esta que Wado acredita serem precisas para reforçar a ponte musical Brasil-Portugal. Enquanto essa troca não ganha definitivamente dois sentidos, podemos ouvir, depois de Wado, a carioca Mahmundi (8, 9 e 10 de Abril) e o paulistano Tatá Aeroplano (15, 16 e 17 de Abril) no Musicbox, no Centro Cultural de Ílhavo e no Passos Manuel, no Porto, respectivamente, numa iniciativa intitulada Bloco.