“Concorro à presidência para devolver o nosso país aos princípios da liberdade e do governo limitado”, declarou no seu site o republicano conotado com o movimento ultraconservador Tea Party.
Filho de Ron Paul, um mediático ex-congressista que também foi por três vezes pré-candidato presidencial, Rand é um libertário como o pai (explique-se: é um defensor de um liberalismo absoluto de Estado mínimo). Propõe a abolição do imposto sobre o rendimento e o fim dos departamentos (ministérios) da Energia, Educação e Comércio, entre outros. E pretende retirar ao Estado a capacidade de espiar os seus cidadãos.
Foi aliás a fazer campanha pelo pai que Paul irrompeu na política nacional em 2008. É no entanto considerado mais moderado que Ron, diversas vezes acusado de racismo e conspiracionismo pelos seus detractores. Paul, o filho, foi o primeiro político a pôr os pés na racialmente explosiva Ferguson, exigindo estágios profissionais em vez de prisão para jovens afro-americanos socialmente excluídos.
Tal como defende uma intervenção mínima do Estado na sociedade e na economia (é um adepto da Escola Austríaca), Paul também é crítico das recorrentes intervenções dos Estados Unidos em teatros de guerra além-mar. É neste ponto que o seu discurso mais tem ziguezagueado, numa altura em que a ameaça crescente do Estado Islâmico leva muitos americanos a ponderarem o apoio a uma nova frente de guerra, incluindo o outro candidato conotado com Tea Party declarado até ao momento – Ted Cruz.
Paul reconhece no entanto o perigo do crescimento do EI e deverá já esta quinta-feira proferir um discurso na Carolina do Sul com um navio de guerra em plano de fundo – espera-se que teça loas aos militares norte-americanos.
Paul quer atrair uma nova geração de potenciais eleitores republicanos, mantendo ao mesmo tempo a tradicional base de apoio conservadora. Um difícil equilíbrio entre os universitários que defendem a liberalização das drogas (que o candidato defende parcialmente) e a América profunda, evangélica e socialmente conservadora (Paul é ferozmente anti-aborto), como escreve o Guardian. Tem assim um pé na ‘ala esquerda’ do partido e o outro na direita.
Casado e pai de três filhos, Paul tem 52 anos. Oftalmologista, tem o título equivalente ao de mestre em Medicina, apesar de não ter completado uma licenciatura – candidatou-se directamente à Universidade Duke com boas notas no exame de acesso.
No Senado, tem entrado frequentemente em conflito com a liderança do Grand Old Party e é através de uma utilização hábil e descontraída das redes sociais que tem mantido elevados níveis de popularidade entre os seus eleitores. Fora de fronteiras, ficou conhecido sobretudo a partir de 2013, quando discursou no Senado durante 13 horas sem parar para adiar a nomeação do director da CIA John Brennan.
No campo democrata, espera-se a todo o momento o anúncio da candidatura de Hillary Clinton, antiga secretária de Estado e primeira-dama.
pedro.guerreiro@sol.pt