Em causa estão novas declarações incendiárias do antigo patriarca da extrema-direita francesa. Jean-Marie voltou a defender o regime colaboracionista de Philippe Pétain, um aliado de Adolf Hitler, e reiterou afirmações anteriores sobre as câmaras de gás dos campos de extermínio nazi, que considerou ser um mero “detalhe” da história. Qualificou ainda como “imigrante” o actual primeiro-ministro francês Manuel Valls, cidadão francês nascido em Espanha.
Amanhã, o jornal de extrema-direita Rivarol publica uma entrevista com o pai Le Pen que contém estas e outras declrações.
Marine, actual líder da FN, que tem tentado limpar a imagem do partido enquanto força anteriormente reconhecida por um discurso xenófobo, emitiu já esta quarta-feira um comunicado a criticar duramente o pai.
“Jean-Marie Le Pen parece ter mergulhado numa estratégia algures entre uma política de terra queimada e um suicídio político”, escreveu.
“O seu estatuto de presidente honorário não lhe dá o direito de sequestrar a Frente Nacional com provocações vulgares que aparentemente visam atingir-me, mas que atingem infelizmente todo o movimento”, considerou. Marine acrescentou ainda que não permitirá uma eventual candidatura do pai na região da Provença-Alpes-Côte d’Azur com as cores do partido.
Um vice-presidente da FN, Florian Philippot, sublinhou através do Twitter que “a ruptura política com Jean-Marie Le Pen é a partir de agora completa e definitiva”.
Apesar de resultados discretos nas últimas eleições departamentais e cantonais, a FN continua em alta nas sondagens e a sua líder é uma das favoritas nos inquéritos sobre as presidenciais de 2017.
pedro.guerreiro@sol.pt