“Não há necessidade de tomar uma posição”, diz o líder religioso do Irão, justificando a posição com o facto de os negociadores “dizerem que nada está fechado e nada é obrigatório”. Admitindo ter “preocupações sérias” com uma negociação que envolve os Estados Unidos – que apelida de “parte não confiável da negociação” –, Khamenei confirma que aceitou “particularmente estas negociações”.
“Acredito nos nossos negociadores mas preocupo-me quando vejo o outro lado a mentir e quebrar promessas, como por exemplo o documento divulgado pela Casa Branca”, disse o aiatola antes de acusar o Governo de Barack Obama de “poucas horas depois do fim das negociações” ter anunciado uma versão do acordo cuja “maior parte é mentira e contra o próprio acordo”.
O homem que terá a última palavra a dizer sobre a assinatura iraniana de um futuro acordo diz que não esteve a par dos detalhes da negociação, mas sublinhou a sua posição em dois pontos da negociação que poderão chocar com o pré-acordo alcançado na Suíça na última semana. Khamenei diz que em nenhumas circunstâncias o seu país autorizará estrangeiros a inspeccionar as suas instalações nucleares e mostrou estar em desacordo com o principal negociador iraniano, o Presidente Hassan Rouhani, sobre o momento em que as sanções económicas ao seu país deverão ser suspensas.
“As sanções devem ser eliminadas imediatamente no dia em que se assinar o acordo, não seis meses depois”, defendeu o líder espiritual da República Islâmica, contrariando o Presidente eleito em 2013, que aceitara relacionar o fim das sanções à concretização de outros pontos do acordo, como o encerramento da maior parte das centrifugadoras iranianas e a redução do nível de enriquecimento de urânio.