"Decido apresentar a minha candidatura às presidenciais de 2016 porque entendo que o regime precisa de uma enorme regeneração ao nível do seu poder executivo, legislativo e judicial e, também, ao nível da própria Presidência da República, que é uma instituição que se tem vindo a descredibilizar ao longo dos últimos anos", disse Paulo Morais, em declarações à agência Lusa.
A candidatura foi anunciada numa entrevista à edição de hoje jornal Correio da Manhã e confirmada pelo próprio à Lusa.
A candidatura nasce da sua "própria vontade" e de "um conjunto de princípios". É uma candidatura de "um cidadão candidato que se relaciona com os cidadãos eleitores", precisou nas declarações à Lusa.
"Todo o processo de apoios e recolha de assinaturas terá lugar a seguir a apresentação das linhas programáticas, porque eu acho que é fundamental, nesta candidatura como em todas as candidaturas na política, quando alguém se candidata a um cargo, a sua primeira obrigação é dizer ao que vem. Aliás, é isso que eu peço também às outras candidaturas, que digam o que pretendem fazer com o cargo de presidente da República", disse.
O professor universitário frisou que só a partir do momento em que apresentará a sua candidatura e as linhas programáticas da mesma, agendadas para dia 18, às 17h00, no café Piolho, no Porto, começará "a aceitar apoios, a recolher fundos e assinaturas".
"A minha candidatura tem por objectivo, em primeiro lugar, combater a corrupção que é o maior dos males da vida política portuguesa, aumentar a transparência na vida pública, que é completamente opaca e, em particular, ao nível orçamental. Os portugueses não têm qualquer noção de qual é a estrutura de receitas e despesas do seu próprio Estado", afirmou.
Simultaneamente, disse Paulo Morais, "é um objectivo, também, desta candidatura recuperar o respeito pelos princípios constitucionais mais básicos que têm vindo sistematicamente a ser esquecidos, desde logo, o princípio da separação de poderes, que é completamente ignorado. Temos em Portugal entidades, que são as grandes sociedades de advogados, que fazem leis, vão aos tribunais, intervêm, simultaneamente, no poder legislativo e no poder judicial. Portanto, isso não pode ser tolerado numa vida democrática que se quer higiénica e mais clara".
"É necessário, de uma vez por todas, combater a mentira sistemática da política portuguesa. Assistimos de uma forma permanente aos políticos a tudo prometerem de forma demagógica, e quando são eleitos não cumprem nada. Eu julgo que nessas circunstâncias, nos termos constitucionais, quando um candidato a primeiro-ministro promete implementar um determinado programa e no exercício da sua função faz exactamente o contrário, ao Presidente da República, nos termos da Constituição, só lhe resta fazer uma coisa, que é demiti-lo imediatamente", acrescentou.
É este tipo de orientação que Paulo Morais disse que irá dar à sua candidatura e à Presidência da República, caso seja eleito.
Paulo Morais é professor universitário de estatística e matemática na Universidade Portucalense, investigador no INESC e foi vice-presidente da Câmara Municipal do Porto entre 2002 e 2005, com Rui Rio.
Depois desse período, dedicou-se à Associação Transparência e Dignidade e a comentar na comunicação social casos de corrupção.
Oficialmente, Paulo Morais é o segundo nome na corrida a Belém, depois de Henrique Neto, que já apresentou a sua candidatura.
Lusa/SOL