"A Constituição é o menor dos problemas perante aqueles que temos", afirmou o candidato a Presidente da República, que, no entanto, respeita "a ideia de que é necessário rever" a lei fundamental do país.
Para o antigo deputado do PS, "mais importante que rever a Constituição, é a qualidade das leis", desde logo por serem mal redigidas.
"Se for eleito Presidente da República, rejeito todas as leis mal escritas e nem preciso de recorrer ao veto, basta dizer [aos seus autores] para as escreverem em bom português", afirmou Henrique Neto, acreditando que "ao fim de seis meses" desta prática a situação estará ultrapassada.
Assim como as pessoas "se habituaram a fazê-las mal escritas, também se habituam a escrever bem a aperceber a importância que isso tem", sublinhou.
Henrique Neto falava hoje, ao final da tarde, numa conferência do Clube MBA da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, para a qual "foi convidado alguns dias antes" de anunciar a sua candidatura à Presidência da República nas eleições de 2016, disse um dos promotores da iniciativa, que entenderam que a decisão do empresário não era motivo para retirarem o convite.
"Agora que sou candidato, pensei que não queriam que viesse cá, mas quiseram", mas "eu também não vou entrar em campanha eleitoral porque ainda é muito cedo para isso", disse Henrique Neto antes da sua intervenção inicial.
O período de perguntas da assistência e respostas do conferencista foi, no entanto, dominado por questões relacionadas com as funções do Presidente da República e do papel que pode ter para contribuir para a resolução dos problemas do país, na perspectiva do candidato.
Portugal tem "alguns problemas graves", mas que "não são assim tão complexos" quanto se julga ou tenta fazer crer, nem "particularmente difíceis de resolver", sustentou Henrique Neto, considerando que esses problemas se relacionam essencialmente com o desenvolvimento económico e as questões sociais.
"A inexistência de um rumo para o país, da definição de uma estratégia" é a causa principal daqueles problemas e o maior obstáculo para a sua resolução, sustenta o empresário e antigo deputado, exemplificando com a atitude do Japão após a II Grande Guerra, ao apostar na tecnologia e na inovação tecnológica, em função da estratégia previamente debatida e definida pelo país.
"Se tivéssemos feito algo parecido, não teríamos cometido tantos erros", acredita Henrique Neto, considerando que os problemas de Portugal não se devem "apenas aos governos", mas também "às instituições e às elites".
"A estagnação da nossa economia, que tem pelo menos uma década, tem a ver sobretudo com essa falta de orientação, de estratégia", sustentou.
Henrique Neto disse que é necessário haver uma estratégia para o país nos próximos meses, adiantando que vai tentar colocar essa ideia na agenda política.
Lusa/SOL