A sardinha portuguesa perdeu o selo azul que a identifica como produto ambientalmente sustentável em Agosto passado devido à quebra de 'stock', aguardando por um nova avaliação do Conselho Internacional de Exploração do Mar (ICES).
"A Anopcerco [Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco] decidiu aguardar pelo novo relatório que deverá ser publicado em Julho de 2015. Se os resultados forem positivos, a pescaria iniciará a sua recertificação", afirmou à agência Lusa Cátia Meira, responsável de comunicação da MSC em Portugal e Espanha.
A Anopcerco, segundo a própria, representa 95% da produção de sardinha em Portugal, com um nível de captura anual superior a 50.000 toneladas.
A MSC, com sede em Londres, é uma organização mundial independente, sem fins lucrativos, cujo objectivo é proteger os oceanos e os recursos marinhos através de um programa de certificação internacional, que premeia as pescarias que o fazem de formas sustentável e responsável.
A certificação de pesca sustentável da MSC é feita a título voluntário por operadores e autoridades, que aceitam submeter-se a avaliações de carácter ambiental feitas por auditores independentes, que têm em conta o nível do 'stock' de peixe, o impacto no ecossistema e a gestão da pescaria.
A pescaria da sardinha portuguesa iniciou o processo de certificação em 2010, envolvendo também a Docapesca, Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Associação Nacional de Comerciantes e Industriais de Produtos Alimentares e Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe.
Mas, no período dos cinco anos, foi suspensa duas vezes porque o 'stock', ou seja, a massa total de sardinha pescável, desceu a um nível considerado demasiado baixo.
"A certificação MSC tem uma validade de cinco anos, após esse tempo as pescarias iniciam uma recertificação, na qual é necessário realizar uma nova avaliação de acordo com o padrão MSC. A pescaria da sardinha cumpria os cinco anos de certificação em Janeiro deste ano", referiu a mesma responsável.
O relatório mais recente do ICES, realizado no ano passado, vincou Cátia Meira, indicava que a biomassa da sardinha "ainda se encontrava em níveis relativamente próximos dos seus mínimos históricos alcançados em 2012", quando foi suspensa anteriormente
"Ainda há incertezas em relação ao estado do 'stock', por isso esta foi uma decisão sensata. Valorizamos muito o esforço da frota, do Governo, da indústria e do IPMA para manter o certificado MSC e pelos progressos realizados a nível de gestão da pescaria. Ficamos à espera do próximo relatório do ICES e esperamos que a pescaria possa iniciar brevemente a sua recertificação MSC", afirmou a responsável.
A autorização para a pesca da sardinha recomeçou a 02 de Março, depois de cinco meses de pausa forçada, devido à proibição de captura por esgotamento da quota, imposta a 20 de Setembro de 2014, seguida de um período de defeso biológico.
Lusa/SOL