A morte dos peixes está a deixar os moradores do bairro incomodados com o mau cheiro. Até ao último fim-de-semana, quase 500 quilos de animais mortos foram retirados das águas.
Natalia de Carvalho, treinadora de remo do Vasco da Gama, disse à Globo, que a está ter dificuldade em conviver com o odor que emana da Lagoa. “É horrível trabalhar com um mau cheiro, um odor tão forte assim. Dá uma dó, os peixinhos brigando, tentando lutar por um pouquinho mais de oxigénio", desabafou a treinadora.
Os peixes começaram a aparecer mortos na quinta-feira. Um dia depois, a Lagoa estava cheia de urubus. Numa nota de imprensa, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio, informou que a mortandade foi causada pela ressaca no mar, que fez com que águas mais frias entrassem na Lagoa. O choque térmico teria provocado a morte dos peixes.
Lagoa com ‘obesidade mórbida’
Já o secretário do Meio Ambiente da cidade, Carlos Alberto Muniz explicou à Agência Efe que as duas grandes tempestades que o Rio de Janeiro viveu na semana passada levaram uma grande quantidade de matéria orgânica à água da lagoa, o que “colaborou para que houvesse um grande consumo de oxigénio e que o (nível de) oxigénio dissolvido na água fosse menor, até chegar a uma situação crítica”.
Este baixo nível afectou uma população de peixes que, segundo o responsável, tinha aumentado desde meados de Fevereiro devido à desova do peixe sábalo, que habita na Lagoa.
Também o especialista em saneamento Paulo Cesar Rosmann, em declarações à Globo, considerou que o motivo por trás da morte dos peixes é mais complexo: “A condição da Lagoa não tem a ver com choque de poluição ou entrada de esgoto, isso está controlado há muito tempo”, garantiu o especialista: “Tem a ver com a doença crónica da Lagoa, que é uma doença de excesso de nutrientes. Se a Lagoa fosse uma pessoa, teria obesidade mórbida”, opinou Rosmann.
Este não é um problema novo: já em Março terão morrido, segundo a imprensa brasileira, 72 toneladas de peixes na mesma lagoa.
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