Um forno de oiro para pizzas à napolitana

É pena o encerramento do Mezzaluna, um dos restaurantes mais simpáticos de Lisboa. Mas o rompimento entre os seus dois fundadores, em 1998, o chef italiano Michele Guerriere e o empresário de restaurantes português António Cardoso Ribeiro (agora, com o Spianata), ao fim de nove anos de sociedade, augurou logo o pior. O espaço seria…

Sapkota abriu o Forno d'Oro no passado mês de Janeiro. O dito forno entra pela sala adentro, e obrigou a uma sensível remodelação do local. Chegou a dizer-se que o forno era forrado a oiro. Não me parece que o seja mesmo, mas tem a cobri-lo pequenos azulejos-pastilhas (daqueles que se usam normalmente nas piscinas) doirados, como o lambril do balcão que separa a zona das pizzas da sala dos clientes. E o forno, abobadado, funciona com madeira de carvalho envelhecido. Foi construído ali com areias e pedra vulcânica trazidas de Itália. Diz o proprietário que, com as suas nove toneladas, é um dos dois únicos fornos do género no mundo inteiro (o outro está em Nova Iorque).

Sapkota investiu aqui em pleno na maquinaria: comprou uma especial para amassar as pizzas, e o próprio presunto que ali se usa é cortado numa magnífica Berkel, também à vista dos clientes.

Das pizzas aí feitas, nove têm sabores mais portugueses (com ingredientes tão nacionais como a morcela de Monchique, o requeijão de ovelha, a alheira, o paio de porco preto, molho de francesinhas ou o bacalhau fumado) e outras mais das tradicionais napolitanas (eu perco-me sempre pela mais simples, a margarita, de manjericão, queijo mozzarella e tomate, mas a que é posta em maior evidência é a 'Sol no prato', com produtos frescos e naturais, italianos e portugueses, que devem mudar segundo os mercados).

Num aviso pendurado na parece, adverte-se o cliente para “não pedir natas neste restaurante, utilizamos só para fazer a panna cotta!”. Outro aviso diz: “não pedir ketchup, temos um genuíno molho de pomodoro preparado diariamente com tomate italiano, azeite e manjericão”. Estes avisos, alternados com pratos de Siena, fazem a decoração das paredes, que foram pintadas de um branco forte – para sobressair a iluminação sobre a zona do forno.

Está na moda, normalmente cheio, e é preferível marcar antes. Mas o que Lisboa perdeu com o fim do Mezzaluna, recuperou com este Forno d'Oro.

Forno d'Oro

R. Artilharia 1, 16.

Lisboa

Tel: 21 387 99 44

Não fecha

Não fumadores