Eles e elas

É bem diferente a postura deles e delas na noite portuguesa. Penso que isso se deve em muito ao rácio mulheres/homens que saem com frequência à noite no nosso país. Em países como o Brasil, Angola, Moçambique, em destinos vincadamente nocturnos como Ibiza e Miami, ou ainda em zonas mais recentemente afectadas pela guerra, como…

É traço comum se perguntarem aos homens cá da praça qual seria a noite perfeita responderem que seria uma em que estivesse o seu grupo de amigos e o resto da discoteca cheio de miúdas giras. É que os homens têm de facto mais medo da concorrência e preferem não a ter do que lidar permanentemente com ela. Já elas preferem um ambiente equilibrado, porque querem logicamente o sexo masculino presente mas também sabem que demais se tornam excessivos, abusados e chatos, além de que a típica mulher adora a competitividade e é para elas motivo de gozo e orgulho sobressair entre as adversárias. Preferem isso a terem de lidar com 'um bando de rebarbados' sem terem de passar pelo prazer da conquista.

Isso não torna uns melhores e outros piores, é assim que as coisas são e temos que lidar assim com elas. Poucas são as pessoas que saem pelo simples prazer de ouvir boa música sem se preocuparem com quem as rodeia. Isso faz com que se arranjem cada vez mais novas formas de reinventar as famosas ladies nights, contratando as miúdas mais giras apenas para estarem presentes ou aliciando-as com garrafas e privados. No fundo são elas o isco perfeito para o consumo que cada homem irá realizar num determinado momento.

O mercado a girar ao vento da lei da oferta e da procura na sua forma mais pura . É por isso que muitas vezes o mesmo DJ da noite em discotecas diferentes, com ambientes diferentes, é considerado bom num lado e mau no outro – o que é verdadeiramente importante é o ver e ser visto. O quem está e quem não está torna-se o objectivo principal que vai determinar se o tempo gasto foi útil ou não, se valeu a pena perder horas de sono. E o homem tem de facto mais essa necessidade que a mulher, que muitas vezes se contenta pela saída de amigas e músicas mais comerciais.

A nossa veia latina transforma-nos em seres mais apaixonados, constantemente apaixonados, aliás. Encontrar aquele sorriso ao fundo do bar, aquela troca de olhares mais profunda, aquele gesto intencional torna-nos seres mais vivos, alimenta egos mais inseguros, empresta-nos o elixir da eterna juventude por momentos. O sabor de cada atitude ou de cada interpretação dos factos é o alimento que nos torna tão diferentes mas ao mesmo tempo tão iguais. Somos mais com os outros e não vivemos num casulo, precisamos daquela atracção que nos faz sentir maiores e nos transforma a confiança com que pintamos os nossos sonhos. E o que seria a vida sem sonhos ?