A organização não-governamental de defesa dos Direitos Humanos acusou o bloco europeu de irresponsabilidade por ter forçado, em 2014, o fim da operação de salvamento Mare Nostrum, conduzida pelas autoridades italianas.
"Ao exigir o fim da operação de salvamento Mare Nostrum, que salvou 170.000 vidas, e ao ter substituído a operação por uma missão de vigilância [a operação Tritão], a União Europeia (UE) virou as costas às suas responsabilidades e claramente ameaçou milhares de vidas", afirmou Jean-François Dubost, responsável pelo departamento de deslocados da Amnistia Internacional (AI) em Paris.
A operação Mare Nostrum, que foi substituída por patrulhas de vigilância sob a responsabilidade da agência europeia de gestão de fronteiras (Frontex), terminou depois de Itália ter pedido repetidamente aos parceiros europeus ajuda para financiar os mais de nove milhões de euros gastos anualmente naquela missão.
Cerca de 400 imigrantes desapareceram, no domingo, após o naufrágio da embarcação improvisada em que viajavam no Mediterrâneo, segundo contaram os sobreviventes à organização Save The Children Itália.
A Guarda Costeira italiana informou na terça-feira à noite que não foram localizados mais cadáveres do que os nove já recuperados.
Para Jean-François Dubost, esta nova tragédia veio revelar "o horror de que nada foi resolvido no Mediterrâneo".
A embarcação tinha partido da Líbia e virou-se aparentemente por causa do entusiasmo dos imigrantes quando avistaram as equipas de socorro. Entre as vítimas estarão vários jovens e até menores.
Lusa/SOL