Mariano Gago, antigo ministro da Ciência e do Ensino Superior, morreu hoje, em sua casa, em Lisboa, aos 66 anos, vítima de doença súbita – óbito que levou o PS a colocar a sua bandeira a meia haste em sinal de luto.
Numa declaração na sede nacional do PS, António Costa prestou homenagem em seu nome e do seu partido ao percurso de José Mariano Gago, destacando-o "enquanto dirigente académico como um resistente na luta contra a ditadura".
"Quero prestar homenagem ao grande cientista, ao visionário que em 1990 publicou uma obra fundamental – ‘O manifesto para a ciência em Portugal' – e ao governante exemplar que, em três ocasiões, nos últimos 20 anos, assumiu a pasta da Ciência e do Ensino Superior. Mariano Gago mudou o paradigma da ciência em Portugal", frisou o líder dos socialistas.
Na sua declaração, António Costa defendeu também que Mariano Gago colocou a ciência no centro das políticas para o desenvolvimento.
José Mariano Gago "colocou no centro da ambição política a sociedade do conhecimento e teve uma preocupação incansável com a democratização da cultura científica, designadamente através do lançamento do programa Ciência Viva. Portugal perdeu hoje um grande servidor, a ciência perdeu hoje um grande cientista, o PS e eu próprio perdemos hoje um grande amigo. Quero prestar à sua mulher e filha as nossas sentidas condolências", afirmou o secretário-geral do PS.
Em comunicado oficial, o PS e o seu secretário-geral manifestaram a sua "profunda consternação" na sequência da morte de José Mariano Gago.
"Para além de eminente cientista, Mariano Gago foi ministro da Ciência, da Tecnologia do XIII e XIV governos constitucionais e ministro da Ciência, da Tecnologia e do Ensino Superior dos XVII e XVIII governos constitucionais, executivos do PS. E é justo que lhe seja creditada na sua actividade como membro do Governo a alteração do paradigma das políticas públicas de apoio à ciência e tecnologia no nosso país", sustenta-se no comunicado oficial do PS.
Na mesma nota assinada por António Costa, lê-se que Mariano Gago "teve a visão e a coragem política de perceber que a aposta e o investimento nessas áreas constituíam e constituem incontornáveis factores de progresso e de crescimento para um país".
"Defendeu sempre que o desenvolvimento científico tem a possibilidade de influenciar a visão do futuro, porque convoca necessariamente a sociedade moderna e por isso é uma força democrática. Foi a sua capacidade em ver mais longe e o seu comando político que permitiu que nesse período Portugal tenha alcançado notáveis avanços na área da ciência e da tecnologia, aproximando-se bastante dos níveis de referência num trabalho reconhecido internacionalmente", refere-se na nota assinada por António Costa.
O PS e o seu secretário-geral frisam ainda no mesmo comunicado que, com Mariano Gago nos governos, "Portugal multiplicou por 17 o número de investigadores, por 32 a produção científica e por 15 (em termos reais) o Produto Interno Bruto em investigação e desenvolvimento".
José Mariano Rebelo Pires Gago nasceu em Lisboa a 16 de maio de 1948, tendo desempenhado as funções de ministro da Ciência e da Tecnologia, entre 1995 a 2002, nos governos liderados por António Guterres.
Foi ainda ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior em outros dois governos do PS, estes liderados por José Sócrates, entre 2005 e 2011.
Mariano Gago licenciou-se em Engenharia Electrotécnica, pelo Instituto Superior Técnico, em 1971, e doutorou-se em Física pela Faculdade de Ciências da Universidade de Paris, em 1976.
Lusa/SOL