Serviços de informações sírios e franceses têm mantido contactos, diz al-Assad

Os serviços de informações sírios e franceses têm mantido contactos apesar da ruptura das relações diplomáticas bilaterais, disse hoje o Presidente da Síria, Bashar al-Assad, em entrevista divulgada hoje pela televisão francesa France 2.

Serviços de informações sírios e franceses têm mantido contactos, diz al-Assad

"Há contactos, mas não há cooperação", declarou Al-Assad, quando questionado sobre as relações entre estes serviços. "Temos encontrado alguns responsáveis dos vossos serviços de informações, mas não há cooperação", nem troca de informações, acrescentou, sem identificar quaisquer dos envolvidos. 

Os franceses "foram à Síria", mas os sírios "não foram a França", disse, acrescentando que aqueles foram em busca de informações, mas que, "quando se quer este tipo de colaboração, é preciso boa vontade dos dois lados", dando a entender que a demonstração desta não foi feita por Paris. 

Al-Assad não especificou quando os franceses foram à Síria, mas garantiu que fora Paris a solicitar uma reunião. "Houve uma reunião", adiantou, assegurando que o seu regime "não tem nada a pedir aos serviços de informações franceses". 

Questionados sobre estas declarações, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês e a Direcção-Geral de Segurança Externa (DGSE, o serviço de informações francês) recusaram comentar. 

No final de 2013, fontes diplomáticas revelaram que embaixadores e serviços de informações europeus retomaram discretamente o caminho de Damasco, para retomar os contactos com dirigentes sírios. 

Uma destas fontes indicou na altura à AFP que a França tinha enviado dois dos seus agentes a uma reunião com o chefe dos serviços de informações sírio, general Ali Mamlouk, para saber se queria restabelecer as antigas ligações entre estes serviços. 

O dirigente sírio tinha respondido que Damasco estava pronto para retomar a cooperação, na condição de a França reabrir a embaixada na Síria, fechada em 2012 para protestar contra a repressão feita pelo regime. 

Na mesma entrevista, Al-Assad afirmou também que "convidou" para a Síria o movimento xiita libanês Hezbollah, mas desmentiu que tropas iranianas participem em combates no solo sírio. 

Questionado sobre o apoio estratégico do Irão e do Hezbollah ao seu regime no conflito que grassa na Síria, Al-Assad respondeu: "Nenhum país tem o direito de intervir sem ser convidado. Nós convidámos o Hezbollah, mas não os iranianos. Não há tropas iranianas na Síria e eles não enviaram qualquer força". 

Porém, acrescentou que "comandantes e oficiais vão e vêm entre os dois países, conforme a cooperação que existe desde há já muito tempo", salientando que isto "é diferente de participar em combates". 

O Observatório Sírio dos Direitos do Homem garantiu, contudo, que os Guardas da Revolução, o corpo de elite da República Islâmica, combatem aos lados do exército sírio, designadamente no sul do país.  

Lusa/SOL