Por todos, o anúncio é partilhado e comentado com uma paixão pelos amigos que se julga ser, mas não mais que uma vaga nostalgia o é.
Agora é que vai ser. Que saudades tenho dos meus amigos. De um copo com eles, de dançar, de falar, de rir. Agora é que vai ser, mesmo! Pensam-se, escrevem-se tais coisas. Mas nas redes sociais o tempo não passa, o tempo já passou. Tão rápido nos comoveu como já estamos a ver o que o Fábio e Júlia Silvino (perfil de casal amoroso, um sonho, uma delícia) almoçaram e o que aquela monga, que na escola primária comia macacos mas só nas aulas de Estudo do Meio, tem a dizer sobre o facto absolutamente fascinante de estar a chover em pleno Inverno.
Já lá vai. O ímpeto de agir esgotou-se quase em si mesmo.
A questão é que o Facebook consegue ser bem pior que o Inferno, se aquilo que se diz sobre as boas intenções for mesmo verdade. Nem é cheio, é a abarrotar.
Fazemos e acontecemos. Revoltamo-nos contra injustiças, de copo de vinho na mão e rabo preguiçoso no sofá, esbanjamos compaixão profunda por náufragos, sem-abrigo e doentes que duram a eternidade que é um “scroll down”, elogiamos com likes no ecrã que nunca vão passar a palavras cara-a-cara, e prometemos estar mais com os amigos com uma convicção menos sólida que uma palavra-passe 12345.
E por aí tudo fica.
No fundo, as intenções nas redes sociais são como sexo com ejaculação precoce.
Estavam quase a ser boas.
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