Que mais podemos fazer pelo nosso imobiliário?

John Fitzgerald Kennedy, o 35.º Presidente dos Estados Unidos da América, assassinado em Dallas em 1963, era um mestre da comunicação capaz de projectar ideias e conceitos já conhecidos, mas não antes projectados como ele acabaria por fazer de forma reconhecidamente genial.

Um dos exemplos mais clássicos é o da frase "Não perguntes o que a tua Pátria pode fazer por ti, pergunta o que tu podes fazer por ela". Esta chamada de atenção foi inicialmente divulgada como slogan de um cartaz norte-americano que preparava a decisiva entrada dos Estados Unidos da América na Primeira Grande Guerra, mas foi Kennedy quem a projectou.

É bem verdade que temos uma enorme tendência para questionar o que em boa verdade não seria questionável se previamente elaborássemos a pergunta certa, principalmente quando essa pergunta levanta questões pertinentes, cuja solução está nas nossas mãos e não nas mãos dos outros, nomeadamente aqueles a quem preferimos pedir contas.

Isto é válido para quase tudo e até – mutatis mutandis – para as interrogações que levantamos quando, por exemplo, questionamos as razões pelas quais se verifica uma redução do investimento estrangeiro no imobiliário português, como aconteceu em Março, mês que contabilizou neste item 45 milhões de euros contra os 55 milhões contabilizados em Fevereiro.

Não havendo alterações de fundo no quadro onde estes negócios se realizam, continuando a existir capacidade do nosso imobiliário para captar investimento estrangeiro, a nossa primeira reacção tende a remeter para terceiros a responsabilidade das variações registadas na procura em causa, indexando-as às novas alterações legislativas para o programa dos vistos gold.

Mesmo que as nossas omissões, no que toca ao esforço de promoção do nosso próprio imobiliário, também possam ter alguma responsabilidade numa pontual diminuição da procura que, na verdade e felizmente, não tem feito nem parece estar a fazer tendência. A qualidade da nossa oferta pode pura e simplesmente estar a ser menos bem divulgada.

A nossa oferta imobiliária – repito e não me canso de o fazer – resulta de um mercado que escapou conscientemente ao fenómeno da bolha imobiliária. Apresenta produtos que têm vindo a valorizar-se, superando a inflação. Isto a par da nossa própria identidade enquanto país de paz social e de acolhimento para investidores e não só.

Escolher Portugal como segundo país não é apenas, e em algumas circunstâncias, uma possibilidade para obter uma autorização de residência válida para o espaço Schengen, o que pode ser um sonho para muita gente, mas também uma opção por um lugar acolhedor, climática e socialmente ameno e, principalmente, seguro para as pessoas e para os investimentos.

Voltando ao início e à paráfrase da citação de John Fitzgerald Kennedy, concluirei que a verdadeira pergunta está, no momento presente, em saber o que mais poderemos fazer pelo nosso imobiliário. Com a certeza de que a resposta também tem de passar por nós.

*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente