Ora, se as redes sociais têm coisas boas, uma delas é podermos gozar uns com os outros. Como sportinguista, esse clube que me tem feito homem (porque o sofrimento torna-nos mais fortes), sou o primeiro a gozar com a minha equipa quando é caso disso. Não gozar também com os outros seria ridículo da minha parte.
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Eis que durante o jogo do Porto escrevi o seguinte nas redes sociais: “O Quaresma neste jogo na Alemanha está a sentir-se tão queimado que já acha que passou de cigano a judeu”. Ui! Pronto, foi o descalabro. Porque não sei que os ciganos também foram perseguidos (a sério? Juram?), ou porque não sei o que foi o Holocausto (um festival de Verão, certo? Até foram bandas como Gestapo, SS e os Mein Kampf, não foi?), ou porque não tenho sentimentos. Até tenho. A paciência para virgens ofendidas é que está em vias de extinção no meu espectro emocional.
Gostei particularmente da troca de palavras que tive com um rapaz cuja tolerância ao humor consegue ser ainda menor que a do CDS à homossexualidade.
Ele:
– Piada de mau gosto. Só um idiota é que se esquecia que os ciganos também foram queimados.
– Relaxa.
– Diz isso às vítimas do holocausto!
– Agora já não dá.
E não dá mesmo, mas eu juro que a culpa não foi minha.
Este é o tipo de pessoas que lê a piada em questão (tendo ou não graça, que é um assunto completamente diferente) e o que interpreta é: “Adoro o Holocausto, ainda bem que existiu porque foi mais bonito que a aurora boreal”.
Calma, minhas rainhas da delicadeza e da moralidade. Não é nada disso.
Eu percebo perfeitamente que determinados assuntos, quando tratados com humor, fujam aos parâmetros individuais de muita gente. Mas é só isso, parâmetros individuais. Não os levem é demasiado a sério.
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Enfim, eu sei que a morte é um assunto chato (talvez um pouco mais que chato), mas acreditem que não é por não falarmos dela que nos tornamos imortais. Desculpem se vos estou a estragar alguma surpresa.