"Algumas mulheres têm dívidas para com os traficantes e têm de pagá-las quando chegam a Itália. Por isso vêem-se obrigadas a prostituir-se (…) Outras são [mesmo] obrigadas por algumas pessoas [traficantes] a fazê-lo", disse Emiliano Abramo à Lusa.
Segundo o representante da Comunidade de Santo Egídio, os traficantes chantageiam estas mulheres, ameaçando matar os seus pais, caso não recebam o dinheiro da travessia, e, por vezes, também lhes pedem resgates em troca da libertação dos familiares, raptados em África.
Questionado sobre onde estão os traficantes, Emiliano Abramo respondeu que estão em todo lado, "até no próprio centro de acolhimento para requerentes de asilo (C.A.R.A.) de Mideo."
"Na semana passada, 24 traficantes que se encontravam no C.A.R.A. de Mideo foram presos. Estavam conectados com a Líbia e organizaram a viagem em que morreram [no Mediterrâneo] os 800 imigrantes", afirmou.
Os imigrantes resgatados pelas autoridades costeiras, ou aqueles que chegam em embarcações à costa italiana, têm duas hipóteses: ou partem como ilegais para outros países da Europa ou dirigem-se para os C.A.R.A, onde se candidatam a um visto de asilo político e permanecem entre oito meses a dois anos à espera da resposta, explicou Emiliano Abramo
Caso o pedido de asilo não seja deferido, podem se recandidatar, mas se o mesmo voltar a não ser aceite, são obrigados a abandonar o C.A.R.A e perdem qualquer apoio, restando-lhes arranjar dinheiro para voltar para o seu país de origem ou ficar ilegalmente em Itália.
Em 2014, apenas 20% dos pedidos de asilo político dos imigrantes que chegaram do Médio Oriente e da África subsaariana foram aceites, concluiu Emiliano Abramo.
Lusa/SOL
