A decisão do primeiro-ministro Alexis Tsipras de relegar Varoufakis para um segundo plano foi bem recebida nas instituições europeias e com entusiasmo pelos mercados financeiros. Mas o tempo continua a correr, o dinheiro a secar em Atenas, e a possibilidade de um referendo é nova fonte de conflito entre as capitais grega e belga.
Tsipras anunciou na segunda-feira que o coordenador da equipa de negociadores com a Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu passa a ser o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Efclidis Tsakalotos, de perfil moderado e discreto. E como delegado técnico em Bruxelas entra Giorgos Chouliarakis, um homem do círculo do número dois do Governo grego, Yannis Dragasakis. O vice-primeiro-ministro há muito que não se entendia com Varoufakis. Com esta mudança, criam-se condições para que os técnicos enviados a Atenas possam voltar a ter acesso aos ministérios e à documentação.
Varoufakis só terá de lidar com os seus homólogos nas reuniões do Eurogrupo. Na última, realizada em Riga, capital da Letónia, na semana passada, o grego saiu de mãos a abanar, isolado, e com os colegas europeus exasperados pela falta de progressos nas negociações para que o Governo grego encete reformas a troco da última fatia do pacote de assistência, 7,2 mil milhões de euros.
Em Maio, o Estado grego tem compromissos avaliados em 4 mil milhões. Sem dinheiro a chegar de fora, o Governo passou a obrigar as autarquias a transferirem os fundos para o banco central. Outra medida anunciada, neste caso por Varoufakis, foi uma amnistia fiscal a quem declare contas até agora ocultas, no país ou no estrangeiro. O Governo compromete-se a não processar os contribuintes que declarem os valores, em troca de uma taxa de 15% a 20%.
É neste cenário que hoje se inicia nova ronda de conversações com a antes denominada troika.Tsipras confia que um acordo pode surgir nas próximas duas semanas. Mas avisou que se o acordado for contra o programa eleitoral, avançará para um referendo. Um cenário que o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, criticou: “Custaria dinheiro, criaria uma grande incerteza política e não creio que os gregos tenham tempo para isso”.