O homem de 69 anos, que quis permanecer anónimo, encontrava-se doente em estado terminal quando recebeu o coração experimental, que foi considerado uma solução de longo prazo para doentes com insuficiência cardíaca em fase final.
A Carmat, que concebeu aquilo que designa como o mais avançado coração artificial do mundo, afirmou que o doente foi hospitalizado na passada sexta-feira em "falência circulatória".
Uma equipa médica identificou o problema: o coração não estava a funcionar correctamente e foi-lhe colocado um novo órgão artificial, mas o doente morreu no sábado de complicações pós-operatórias.
Os corações artificiais são usados há muitos anos como uma solução temporária para doentes com problemas cardíacos crónicos.
Contudo, a Carmat espera fornecer uma solução de longo prazo a dezenas de milhares de pessoas que padecem de doença cardíaca — a principal causa mundial de morte — e que não conseguem receber um transplante.
O aparelho, uma unidade auto-suficiente implantada no peito do doente, é uma mistura de materiais sintéticos e tecido animal que procura imitar a forma e a função de um verdadeiro coração humano.
São utilizados no coração artificial biomateriais suaves concebidos para reduzir o risco de formação de coágulos e de rejeição pelo sistema imunitário. O aparelho é alimentado por uma fileira de baterias de lítio.
O primeiro caso do ensaio clínico da Carmat, um homem de 76 anos, terminou a 02 de marco com a morte do doente, dois meses e meio após o transplante do aparelho.
O segundo doente disse numa entrevista à imprensa francesa, há um mês, que tinha "recuperado" ao ponto de participar em passeios de bicicleta.
Quase 100.000 pessoas na Europa e nos Estados Unidos precisam de um transplante cardíaco, de acordo com a Carmat, mas só cerca de 4.000 corações ficam disponíveis para transplante.
Está previsto que o ensaio clínico da empresa francesa envolva quatro pessoas. Confirmou-se que um terceiro doente recebeu o seu coração artificial na semana passada.
A primeira fase deste ensaio será considerada um êxito se os doentes sobreviverem um mês após o transplante.
A Carmat realizará então uma segunda fase de ensaios clínicos que envolverá 20 doentes.
Lusa/SOL