Os casos de assédio começaram a vir a público nos últimos meses e a Ford acabou por afastar o administrador da Chicago Assembly Plant, responsáveis de recursos humanos e responsáveis de relações laborais. O principal representante do sindicato UAW na fábrica, Coby Millender, também tem estado ‘debaixo de fogo’ e estará de saída.
Millender é um dos acusados directamente num processo que 33 trabalhadoras moveram contra a fábrica – inicialmente eram apenas quatro, mas as outras 29 ganharam coragem para vir a público. Na sua queixa criminal há relatos de apalpões constantes, convites directos para sexo, exposição dos genitais por parte de trabalhadores homens ou fotografias de cariz sexual mostradas e enviadas por telemóvel.
Segundo o Automotive News, as represálias por recusarem ter sexo, por fazerem queixa ou por ameaçarem fazê-lo eram variadas. Uma mulher terá sido despromovida de uma função de supervisão, com um salário de 88 mil dólares (77,6 mil euros) por ano, para outra com turnos alternados e um salário de metade desse valor. Isto porque começou a queixar-se de assédio e incentivou outras funcionárias a fazerem o mesmo.
Metade das queixosas são trabalhadoras recentes, tendo entrado na fábrica de Chicago desde 2010, a outra metade diz respeito a funcionárias com dezenas de anos de casa, algumas a trabalhar na Chicago Assembly Plant desde 1977.
Já em 2000 houve um processo judicial semelhante naquela fábrica, que terminou em acordo fora do tribunal, com a Ford a pagar 19 milhões de dólares (cerca de 17 milhões de euros) em indemnizações. O advogado que apresentou essa queixa, Keith Hunt, é o mesmo que representa agora o grupo de 33 queixosas. Na altura, a Ford aceitou também instalar uma ligação telefónica gratuita para denunciar abusos. Mas muitas das vítimas afirmam no novo processo que lhes foi dito para deixarem de usar esse número.