"O número extraordinário e totalmente inesperado de 'downloads' do livro "Diamantes de Sangue" prova o interesse que este caso está a gerar. Acredito que este interesse se deve à curiosidade sobre as denúncias de violações de direitos humanos que se sabe estarem no livro, assim como demonstram solidariedade para com o jornalista Rafael Marques", disse à Lusa Bárbara Bulhosa.
A editora portuguesa disponibiliza de forma gratuita, desde março, o 'download' do livro do jornalista angolano, registando-se até ao momento um total de 55.500 descargas através do 'site' da editor e da página de Rafael Marques na internet, "Maka Angola".
O julgamento do ativista e jornalista angolano prossegue hoje no Tribunal Provincial de Luanda.
Rafael Marques é acusado de "denúncia caluniosa", por ter exposto alegados abusos dos direitos humanos com a publicação, em Portugal, em setembro de 2011, do livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola".
Os queixosos são sete generais, liderados pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Hélder Vieira Dias Júnio "Kopelipa", e representantes de duas empresas diamantíferas.
"Rafael Marques está neste processo absurdo onde, em vez de terem sido investigados e julgados os crimes, está no banco dos réus quem teve a coragem de os denunciar. Parece-me que algo vai mal na democracia angolana, tão defendida pelos políticos portugueses ", lamentou Bárbara Bulhosa
Na quarta-feira, a secção portuguesa da Amnistia Internacional disse à Lusa que entregou no Ministério dos Negócios Estrangeiros português mais de dez mil assinaturas da petição sobre o processo judicial em que está envolvido o ativista angolano Rafael Marques.
Segundo a organização não-governamental foram enviadas "na semana passada" 10.935 assinaturas de apoio à petição mas que, entretanto, o número aumentou para as 11.283 assinaturas.
No documento, a Amnistia Internacional apela ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros para que encorajem o governo de Angola a retirar as acusações contra Rafael Marques.
Lusa/SOL