O encontro será tudo menos cómodo, já que há uma semana Anabela Rodrigues foi ao Parlamento dizer que quando chegou ao ministério não encontrou «qualquer proposta de estatuto» para as polícias a que se «pudesse agarrar».
A ministra respondia, assim, às acusações de «inércia» dos sindicatos das forças policiais, que não entendem o motivo pelo qual Anabela Rodrigues voltou à estaca zero negocial, depois de uma negociação com o ministro Miguel Macedo que tinha deixado quase prontos os novos estatutos da PSP e GNR.
As palavras de Anabela Rodrigues caíram como uma bomba entre os deputados da maioria, que não estavam à espera de ver a ministra arrasar o trabalho de Macedo no MAI, chegando ao ponto de dizer que «já não há tempo nesta legislatura» para aprovar as novas leis orgânicas da PSP e GNR, que estavam – segundo fontes do MAI e dos sindicatos – também quase prontas a ser aprovadas.
Foi mais um episódio protagonizado pela ministra que, desde que tomou posse em Dezembro, enfrentou já ameaças de manifestações de polícias e a saída do secretário de Estado, Fernando Alexandre, que se incompatibilizou com Anabela Rodrigues.
Esta semana, Anabela Rodrigues esteve também debaixo de fogo por ter tardado em reagir à agressão policial a um adepto benfiquista em Guimarães e aos incidentes entre polícias e adeptos durante os festejos do bicampeonato do clube da Luz, no Marquês de Pombal, em Lisboa.
Sobre o caso, a ministra limitou-se a afirmar, no final de uma conferência de ministros do Interior que decorria em Lisboa, que «não pode nem deve haver julgamentos na praça pública», frisando ter já ordenado a abertura de inquéritos para apurar o que se passou, sem nunca lamentar o sucedido. Uma reacção que lhe valeu duras críticas dos comentadores.
Miguel Macedo tem, no entanto, recusado alimentar a polémica, escusando-se a comentar as palavras da sua antecessora, pelo que deverá manter o mesmo registo durante as cerimónias em que vai receber a Fénix de Honra da Liga dos Bombeiros Portugueses.
O prémio foi atribuído a 28 de Março, cerca de quatro meses depois de Miguel Macedo ter apresentado a demissão por causa do caso dos vistos gold, e foi aprovado por unanimidade pela Liga dos Bombeiros Portugueses.
Segundo a proposta aprovada pela Liga, a distinção justifica-se «pela prática continuada de actos e serviços altamente relevantes, de carácter amplamente abrangente e de inquestionável apreço, com vista à dignificação e promoção da Causa dos Bombeiros e da Protecção Civil».
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