Grécia não é o único país que não paga ao FMI

Se a Grécia não pagar os 1.600 milhões de euros que devia reembolsar ao FMI em Junho será um caso atípico de incumprimento, mas não será uma completa novidade.

De acordo com dados da organização, existem neste momento três países com pagamentos em atraso nos empréstimos cedidos pelo Fundo: a Somália, o Sudão e o Zimbabué.

No total, estes três países devem quase 1,3 mil milhões de Direitos Especiais de Saque – a unidade monetária do FMI, cujo câmbio resulta da ponderação um conjunto de moedas internacionais. À taxa actual, este montante representa cerca de 1,6 mil milhões de euros. Do total, 76% dizem respeito ao Sudão, 18% à Somália e 6% ao Zimbabué. Se a Grécia não pagar, entrará directamente para o primeiro lugar no pódio do incumprimento.

A possibilidade de Atenas não reembolsar o Fundo foi assumida este domingo pelo ministro do Interior helénico, Nikos Vutsis, depois de semanas de indefinição nas negociações entre o país e o Eurogrupo.

FMI penaliza incumprimento

Caso esta hipótese se concretize, será um caso insólito de incumprimento junto do FMI. Nos registos históricos disponibilizados no site da organização, que remontam a 1997, não é comum encontrar economias desenvolvidas na lista de devedores. O incumprimento aparece associado países sub-desenvolvidos ou envolvidos em conflitos.

De acordo com o último relatório anual do FMI, a falta de pagamento implica penalizações: os países enfrentam restrições de acesso aos programas de financiamento da organização. A Somália, o Sudão e o Zimbabué são neste momento inelegíveis em dois programas do FMI onde entraram em incumprimento.

joao.madeira@sol.pt