“Não vale a pena continuar a agitar o papão. Não há corte de pensões e reformas”, garantiu Maria Luís Albuquerque, em resposta à deputada Mariana Aiveca, do BE, durante o debate de actualidade, marcado pelo PS, sobre “A ameaça dos cortes nas pensões pelo Governo”, na Assembleia da República.
Maria Luís Albuquerque disse, com ironia, que é um “avanço” o PS reconhecer que há um problema de sustentabilidade da Segurança Social mas acusa os socialistas de apresentar um “conjunto de respostas que o agravam”. Segundo a ministra, seja qual for a fonte de cálculos utilizada pelo PS, as suas propostas levam a um rombo “sempre muito superior a 11 mil milhões de euros”.
A ministra voltou a apelar ao PS para se “sentar ao lado para encontrar uma solução”. Mas deixou a farpa aos socialistas, referindo que as propostas do PS deixam “incerteza até depois das eleições”. “Prometemos uma coisa e depois logo se vê”, acusou. Declarações que geraram fortes protestos da bancada do PS.
Antes, o vice-presidente da bancada socialista, Vieira da Silva, tinha voltado a recusar qualquer acordo com o Governo para cortar as pensões em pagamento. Vieira da Silva admitiu que “não há soluções miraculosas” mas também afirmou que “não há política de medo que possa impedir o país de mudar” e de mudar de Governo.
PSD e CDS também aproveitaram para criticar as propostas do PS. O vice-presidente da bancada social-democrata, Adão Silva, acusou os socialistas de propor “propostas vagas com proclamações de bravata” num “exercício de oportunismo político porque estão aí as eleições”. Já a deputada centrista Cecília Meireles acusou os socialistas de “agitar o medo” e “criar uma cortina de fumo”, frisando que as medidas conjunturais não resolvem todos os problemas.
Na resposta, Vieira da Silva ironizou: “Há uma verdade indiscutível, se outro mérito não tivesse este debate marcado pelo PS teve o mérito de pôr de acordo aparentemente o PSD e o CDS sobre a medida das pensões. Certo que esse acordo não foi suficiente para que se sentassem lado a lado na bancada do Governo”. Uma alusão às declarações díspares sobre o corte nas pensões de Maria Luís Albuquerque e do ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, que não está presente no debate.
Maria Luís Albuquerque voltou a pedir a palavra, já no final do debate, para deixar claro que o Governo quer resolver o problema da sustentabilidade da Segurança Social, que é "importante e urgente", e quer discutir com os parceiros sociais, procurando um "consenso" com o PS. "Não ponhamos os interesses da campanha à frente dos portugueses", concluiu.