Trabalhadores do Novo Banco recusam responsabilidade na venda de papel comercial

Os trabalhadores do Novo Banco criticam as invasões das agências pelos lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES), considerando que os alvos de reclamação deveriam ser as entidades emissoras e que os “verdadeiros responsáveis” ficam “incólumes”.

A Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC) anunciou hoje que vai apresentar na sexta-feira queixas-crime contra os responsáveis pela venda de papel comercial, deslocando-se a agências do Novo Banco espalhadas por todo o país, juntamente com os agentes da autoridade, para identificar os envolvidos "direta ou indiretamente" no processo.

"Não entendemos e não aceitamos, que os maiores lesados – os trabalhadores – sejam vítimas da coação moral e física dos membros da associação que diz representar os lesados. Repudiamos aqueles que de vítimas que fomos, nos querem transformar em algozes", afirma a Comissão de Trabalhadores do Novo Banco em comunicado.

A estrutura representativa dos quadros da instituição financeira considera que as deslocações para as instalações e junto dos funcionários do antigo BES são um "estranho movimento", uma vez que "os verdadeiros responsáveis ficam incólumes a estes protestos".

"Dizemos estranho, porque os alvos de reclamação devem ser as entidades emissoras do papel comercial e de séries comerciais (estas últimas mais focadas em clientes não residentes) e nunca os trabalhadores do Novo Banco", afirma a Comissão de Trabalhadores.

Os trabalhadores lembram também que eram "acionistas em largo número" da empresa que "amavam e à qual se dedicaram com convicção", tendo aplicado "parte substancial das suas poupanças não apenas em ações do BES, mas também em papel comercial de empresas do então GES".

A Comissão afirma ainda que os trabalhadores "agiram de boa-fé", tendo sido "os principais lesados e os primeiros a ser enganados".

Lusa/SOL