Mas se é verdade que Portugal não está numa situação em que se pode dar ao luxo de não apoiar o que é nosso, também não podemos exigir tanto dos nossos deputados. Uma coisa é os deputados tomarem decisões que podem mudar drasticamente as nossas vidas – tantas vezes para pior – enquanto vêem uma bela brasileira a sambar com a bunda na cara de outra, uma orgia de checas de metro e noventa num jacuzzi ou uma produção hollywoodesca de How I Met Your Mother, and yours, and yours, and also yours. Outra coisa é ter que ver uma portuguesa anafada a fazer de fiambre e queijo numa sandes de dois labregos num apartamento mal iluminado na Arrentela, que nem água tem para se lavarem no fim. Ninguém merece.
Nós votamos nestas pessoas, nós precisamos que elas estejam motivadas para defenderem os nossos interesses. Se deviam apoiar o que é nosso? Claro. Mas já basta o sacrifício que é terem que aceitar, sempre contra a vontade deles, todos os benefícios que têm por ser deputados. Não é preciso penetrar (já estavam a precisar de outro) mais fundo nesta questão e fazê-los sofrer.
“Ai, mas não têm nada que ver porno quando estão a desempenhar funções pagas por nós!”. Meus queridos, não sejamos hipócritas! Quem é que já não o fez? Ou pelo menos, quem não conhece um cirurgião que passa pelo YouPorn enquanto opera um fígadozito? Um piloto que pega na manete (ui, e esta?) a ver o “Hospedeiras Chamadas ao Cock Pit – parte IV” enquanto aterra o avião? E mais uma orgia de exemplos, diria eu agora. É de senso comum.
Nós, portugueses, adoramos queixar-nos precocemente (esta já é mais chata), mas temos que ser mais moles (e esta ainda pior) nesta situação. Se fôssemos mal governados, se houvesse corrupção, se houvesse mil jogos de interesses que nunca são a favor do povo, ainda teríamos razões para nos queixar. Mas sabendo perfeitamente que não, não sejamos empata f****.
Deixem lá os deputados ver porno à vontade. Nós pagamos.
P.S: Não façam aquela piada de o facto de os deputados verem vídeos porno ser uma metáfora para “políticos a comer o povo”, por favor. Isso ficou nos anos 80. Obrigado.