O apoio oficial do PS ainda não foi dado e a própria JS também não se pronunciou oficialmente. Por isso, a estrutura da campanha de Nóvoa não será “directamente a do PS ou da JS, mas é desejável e possível que ambas se possam empenhar”, refere João Torres, que adianta que se vai “envolver pessoalmente” nas iniciativas do candidato a Belém. Para o líder da JS, é “normal que se juntem forças para que a candidatura de Nóvoa se venha a afirmar”.
João Torres esteve na apresentação da carta de princípios de Nóvoa, no Porto, na segunda-feira. “Sou natural da Maia e pareceu-me o momento ideal, enquanto secretário-geral da JS, para me associar à candidatura”, explica.
Apesar do empenho de alguns socialistas, que crescerá depois do apoio oficial, as campanhas de António Costa para as legislativas e de Sampaio da Nóvoa para as presidenciais não se vão cruzar em iniciativas. “Vão ser campanhas totalmente autónomas e separadas”, conta ao SOL um dirigente socialista.
Já fonte da campanha do ex-reitor da Universidade de Lisboa diz que “cruzar ou diluir campanhas não faz sentido”. “O país não é assim tão pequeno. Só por grande coincidência haverá cruzamento de campanhas”, adianta a mesma fonte. Além disso, o candidato presidencial “já disse que haveria um período de retraimento da campanha presidencial, na aproximação das legislativas”.
A agenda de Nóvoa começa a ficar composta até ao Verão. Depois do anúncio da candidatura a Belém, no Teatro da Trindade, o candidato apresentou esta semana a carta de princípios da sua candidatura no Teatro Rivoli, no Porto. Na audiência, além do secretário-geral da JS, também estiveram presentes o ex-ministro Augusto Santos Silva e a eurodeputada Elisa Ferreira, ambos com fortes ligações ao Porto. Passaram relativamente despercebidos, perante a estrela da cerimónia, que foi Ramalho Eanes.
'Abandonar as políticas de austeridade'
O documento de intenções e de promessas de Nóvoa não deixou de ser lido como sendo à esquerda do PS, nomeadamente no que respeita à crítica à austeridade (“É necessário abandonar políticas de austeridade”) e à questão da dívida pública (“Temos de encontrar soluções para uma dívida que sufoca os Estados”). Mas, no PS, não há alarmismos: “Sampaio da Nóvoa tem um posicionamento que se enquadra perfeitamente no PS”, argumenta um dirigente socialista.
Já o líder da JS vê Sampaio da Nóvoa “comprometido com os valores republicanos e da democracia, que são valores do PS”. E também na defesa de um Estado Social “forte e inclusivo” que é um “discurso coerente com o PS”, diz ainda João Torres.
*com Ricardo Rego