A proibição foi comunicada através de uma carta, que classifica as mulheres condutoras como "contrárias às regras da moderação religiosa" adoptadas pela comunidade judia de Belz, e avisa que as crianças levadas de carro pelas suas mães à escola serão barradas das aulas quando estas recomeçarem em agosto.
A secretária da Educação do Reino Unido Nicky Morgan, em comunicado citado pela agência France Presse (AFP), considerou hoje a proibição "completamente inaceitável na Grã-Bretanha moderna", tendo a comunidade religiosa respondido que a regra é auto-imposta e faz parte dos seus direitos de liberdade religiosa.
"Se as escolas não promoverem activamente o princípio do respeito mútuo, estão a contrariar os padrões da educação independente", declarou Morgan, acrescentando que "nas circunstâncias em que somos alertados para esses casos, investigaremos a situação e tomaremos as acções necessárias".
O membro da comunidade Yanky Eljan defendeu a proibição, dizendo à AFP que esta "tem certas inflexibilidades", mas que as "assume".
"Se puser o meu filho na escola Eton, tenho a certeza que esta terá muitas regras, e eu tenho que as aceitar", acrescentou, referindo-se a um conhecido estabelecimento de ensino inglês, associado com as elites do país.
"Não há comparação com a Arábia Saudita, lá as mulheres podem ser chicoteadas, não há [na nossa comunidade] nada como isso", disse, declarando que a sua comunidade apenas quer ser deixada "em paz".
Outro membro da comunidade, Judith Stein, negou que o grupo oprima as mulheres, e acusou o Jewish Chronicle, jornal judeu britânico que publicou a carta em questão, de ser tendencioso.
"Não me sinto maltratada, não me sinto degradada, não me sinto oprimida", escreveu no seu blogue, declarando ter vivido "toda a vida deste modo" porque o escolheu.
"As mulheres são recolhidas e protegidas, não porque são mal olhadas ou forçadas a não sair de casa, mas porque são consideradas como jóias preciosas, diamantes, que precisam de ser protegidas a todo o custo", escreveu Stein.
Dina Brawer, embaixadora britânica da Aliança Feminista Judia Ortodoxa, declarou ao Jewish Chronicle que a "proibição draconiana" se baseia simplesmente no "poder e controlo do Homem sobre a Mulher".
"Neste mesmo sentido não é diferente da proibição de conduzir imposta às mulheres da Arábia Saudita", disse, "e que se mascare como uma norma religiosa judaica é vergonhoso e perturbador".
A comunidade Belz foi fundada na cidade homónima da Ucrânia no século XIX, e é hoje constituída por cerca de 10.000 famílias em todo o mundo, principalmente no Canadá e nos Estados Unidos.
No Reino Unido, cerca de 400 famílias pertencentes à comunidade vivem no bairro londrino de Stamford Hill, onde gerem duas escolas com centenas de alunos.
Lusa/SOL