"A integridade do futebol está em causa", disse uma porta-voz do executivo comunitário sobre o escândalo que envolve a Federação Internacional de Futebol (FIFA), sublinhando que "milhões de fãs em todo o mundo perderam a paciência e merecem melhor".
"A corrupção não tem lugar nos desportos. A FIFA teve tempo e oportunidades suficientes para se reformar e chegou a altura de mudar", acrescentou a porta-voz, na habitual conferência de imprensa diária.
Bruxelas, acrescentou a porta-voz, não comenta a reeleição do suíço Joseph Blatter à frente da organização e não põe a hipótese de apoiar um eventual boicote europeu ao próximo mundial, marcado para a Rússia.
No dia 27 de maio, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos indiciou nove dirigentes ou ex-dirigentes e cinco parceiros da FIFA, acusando-os de associação criminosa e corrupção nos últimos 24 anos, num caso em que estarão em causa subornos no valor de 151 milhões de dólares (quase 140 milhões de euros).
Entre os acusados estão dois vice-presidentes da FIFA, o uruguaio Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb, das Ilhas Caimão e que é também presidente da CONCACAF (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas), assim como o paraguaio Nicolás Leoz, ex-presidente da Confederação da América do Sul (Conmebol).
Dos restantes dirigentes indiciados fazem parte o brasileiro José María Marín, membro do comité da FIFA para os Jogos Olímpicos Rio2016, o costarriquenho Eduardo Li, Jack Warner, de Trinidad e Tobago, o nicaraguense Júlio Rocha, o venezuelano Rafael Esquivel e Costas Takkas, das Ilhas Caimão.
A acusação surge depois de o Ministério da Justiça e a polícia da Suíça terem detido Webb, Li, Rocha, Takkas, Figueredo, Esquivel e Marin, num hotel de Zurique, a dois dias das eleições para a presidência da FIFA, ganhas pelo suíço Joseph Blatter, que tinha como adversário Ali bin Al-Hussein, da Jordânia.
Simultaneamente, as autoridades suíças abriram uma investigação à atribuição dos Mundiais de 2018 e 2022 à Rússia e ao Qatar, ao abrigo da qual as autoridades suíças interrogaram no domingo vários membros do Comité Executivo da FIFA que votaram estas decisões, continuam em funções e não são residentes suíços: o camaronês Issa Hayatou (presidente da Confederação Africana), o espanhol Angel Maria Villar, o belga Michel D'Hooge, o turco Senes Erzik, o cipriota Marios Lefkaritis, o egípcio Hany Abo Rida e Vitaly Mutko, ministro dos Desportos da Rússia.
Os outros três membros atuais do Comité Executivo que votaram em 2010 vivem na Suíça: Joseph Blatter, o secretário-geral Jérôme Valcke e Michel Platini, presidente da UEFA.
O porta-voz do Ministério Público da Suíça disse que estes dirigentes foram ouvidos como "pessoas suscetíveis de fornecer informações" para a investigação sobre a atribuição dos Mundiais de 2018 e 2022 à Rússia e ao Qatar, respetivamente.
Este inquérito foi aberto há cerca de dois meses, após uma queixa da FIFA, mas apenas se ficou a saber da sua existência no mesmo dia em que o Departamento de Justiça dos EUA indiciou nove dirigentes ou ex-dirigentes e cinco parceiros da FIFA, acusando-os de associação criminosa e corrupção nos últimos 24 anos, num caso em que estarão em causa subornos no valor de 151 milhões de dólares (quase 140 milhões de euros).
A FIFA suspendeu provisoriamente 12 pessoas de toda a atividade ligada ao futebol.
Lusa/SOL