O organismo que superintende o futebol mundial explicou em comunicado que este projeto visava os países "da diáspora africana nas Caraíbas" e que interferiu diretamente na canalização da verba, através do seu comité de finanças, desresponsabilizando o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke.
"Os 10 milhões de dólares referem-se a um projeto de desenvolvimento do futebol nas Caraíbas. Nem Jérôme Valcke nem qualquer outro alto responsável da FIFA estiveram envolvidos neste projeto", garantiu o organismo.
Esta versão confirma as palavras do presidente da federação da África do Sul, Danny Jordaan, diretor-executivo da candidatura sul-africana em 2008, que no domingo tinha dito que o dinheiro transferido a partir da FIFA não era um suborno, mas sim um legítimo pagamento ao fundo de desenvolvimento do futebol nas Caraíbas.
Mas segundo a edição de segunda-feira do New York Times, Jérôme Valke fez transferências bancárias no valor de 10 milhões de dólares para contas controladas por Jack Warner, um dos implicados no escândalo de corrupção do organismo.
O New York Times, que citou autoridades federais ligadas ao processo que corre nos Estados Unidos, escreveu que estas transferências são um elemento-chave na investigação sobre corrupção que abala o organismo máximo do futebol, liderado pelo suíço Joseph Blatter, de quem Valcke é o 'braço direito'.
O jornal disse que Jérôme Valcke é o alto responsável da FIFA não identificado que em 2008, segundo os procuradores, transferiu 10 milhões de dólares para Jack Warner, acusado de ter recebido um suborno para ajudar a África do Sul a ganhar a organização do Campeonato do Mundo de 2010.
No entanto, o documento que indicia nove dirigentes ou ex-dirigentes da FIFA e cinco parceiros do organismo não diz que o alto responsável da FIFA sabia qual o destino do dinheiro e, ao contrário dos outros envolvidos, Valcke não é acusado de associação criminosa.
Jack Warner era então vice-presidente da FIFA e presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas (CONCACAF), cargos dos quais foi suspenso em 2011 por suspeitas de corrupção do processo eleitoral que haveria de conduzir Joseph Blatter ao seu quarto mandato na presidência da FIFA.
O dirigente de Trindade e Tobago, uma das 15 pessoas que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusa de associação criminosa e corrupção, esteve detido 24 horas após se ter apresentado voluntariamente na quarta-feira nos serviços anti-fraude da polícia local e foi libertado mediante pagamento de uma caução de cerca de 400 mil dólares, aguardando decisão sobre o pedido de extradição feito pelas autoridades norte-americanas.
Entre os acusados estão dois vice-presidentes da FIFA, o uruguaio Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb, das Ilhas Caimão, que é atual presidente da CONCACAF, assim como o paraguaio Nicolás Leoz, ex-presidente da Confederação da América do Sul (Conmebol).
Dos restantes dirigentes indiciados, além de Warner, fazem parte o brasileiro José María Marín, membro do comité da FIFA para os Jogos Olímpicos Rio2016, o costarriquenho Eduardo Li, o nicaraguense Júlio Rocha, o venezuelano Rafael Esquivel e Costas Takkas, das Ilhas Caimão.
A acusação foi conhecida na quarta-feira, depois de o Ministério da Justiça e a polícia da Suíça terem detido Webb, Li, Rocha, Takkas, Figueredo, Esquivel e Marin num hotel de Zurique, a dois dias das eleições para a presidência da FIFA, que foram ganhas de novo por Joseph Blatter.
Lusa/SOL