Maio está já a ser o sexto mês consecutivo de seca meteorológica (com menos chuva do que o habitual), depois de um Novembro bastante chuvoso. “Segundo o índice meteorológico de seca PDSI, em 15 de Maio mantém-se a situação de seca meteorológica em todo o território, mas com diminuição da intensidade no Litoral Norte e um aumento da intensidade no interior do Alentejo, em relação ao final de Abril”, explica fonte daquele instituto.
Abril foi já “um mês seco e quente”, em que choveu quase metade do habitual: “O valor médio de precipitação, 59.4 mm, foi inferior ao valor médio (78.9 mm)”, lê-se no boletim climatológico do mês. E “nos últimos cinco meses os valores da quantidade de precipitação mensal têm sido sempre inferiores ao normal, pelo que se mantém a situação de seca em todo o continente”.
Desde Dezembro que chove pouco porque, até Março, as condições meteorológicas predominantes foram, “frequentemente, determinadas pela influência de situações de anticiclone, geralmente intensos, localizando-se nas ilhas britânicas ou na Europa Central”, afirma a mesma fonte do IPMA, acrescentando que “este tipo de situação bloqueia a passagem das ondulações frontais pelo continente e, quando o atingem, a sua actividade é fraca, originando valores baixos de precipitação, em especial na região Sul e nas regiões mais interiores”.
Barragens com 80% de água disponível
Abril, apesar de seco, foi excepção: “Predominaram situações depressionárias, centradas no Atlântico adjacente ou na Península Ibérica e houve passagem de ondulações frontais activas pelo território. Ocorreu precipitação generalizada a todo o país”.
O Verão está agora prestes a chegar e é pouco provável que chova consideravelmente nos próximos meses. “Nos últimos anos, temos tido Primaveras muito variáveis”, recorda o meteorologista Costa Alves. “Depois os Verões têm tido temperaturas bastante superiores ao normal, com várias ondas de calor, sobretudo desde 2003”.
A situação, porém, ainda não é grave – a não ser para a vegetação, que está mais seca, podendo facilitar os incêndios – e estamos longe de um cenário de seca hidrológica, com consequências dramáticas para todas as culturas. “São necessários mais alguns meses para que a seca meteorológica se converta em seca hidrológica”, explica Costa Alves. “Mas esta seca já prejudica as culturas de Primavera e de Verão”, sublinha.
Por outro lado, os níveis de água no solo não são altos e estão, em praticamente todo o território abaixo dos 50%. A maior parte está entre os 30% e os 40%. Já as barragens ainda têm bastante água. Dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) revelam que, “das 59 albufeiras monitorizadas, 34 apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e não existem albufeiras com disponibilidade inferior a 40% do volume”.
As estatísticas do mesmo instituto mostram, porém, uma diminuição nos armazenamentos de Abril deste ano, comparando com os de anos anteriores. Os valores “por bacia hidrográfica apresentam-se inferiores às médias de armazenamento dos meses de Abril (1990/91 a 2013/14)”, lê-se na página do SNIRH.