Já passaram mais de dois meses desde que a empresa vimanarense Portugal Footwear se lançou no mercado com a nova marca de calçado CR7 Footwear. Com uma tradição familiar no sector de cerca de 40 anos e milhares de milhas aéreas percorridas de feira em feira, a ideia de aliar o nome de Ronaldo ao calçado português surgiu de forma natural: “Depois do lançamento da linha de roupa interior, pensámos que associar o nome do futebolista seria lógico”, conta Paulo Gonçalves, o CEO da Portugal Footwear e da segunda geração de proprietários. Para já, a marca aposta no sector masculino, com uma linha mais urbana e outra mais formal, feita de estruturas clássicas como Goodyear ou Blake, mas na próxima estação vai arriscar também no calçado feminino.
Depois da ideia inicial veio o contacto com a Polaris Sports, agência do empresário Jorge Mendes que gere os direitos de imagem do jogador. As negociações começaram há quase dois anos e implicaram cláusulas exigentes, algumas delas referentes à confidencialidade de números e valores. Detalhes pouco relevantes para o empresário vimaranense quando se trata de um nome como o de Cristiano. “Com eles [Polaris Sports] construímos uma campanha de acordo com a imagem que querem para o jogador. É uma marca com rosto, pelo que tem de estar em consonância com a pessoa que ele é. A sua opinião tem um grande peso”. Rigoroso, perfeccionista e meticuloso, Cristiano Ronaldo faz questão de opinar sobre todos os desenhos e modelos que saem dos escritórios de Guimarães. Uma intervenção activa e que superou todas as expectativas da empresa: “Se há pés massacrados são aqueles, por isso o conforto tem sempre uma grande prioridade, assim como a qualidade, as cores e os detalhes”.
Com preços que variam entre os 65 e os 500 euros, para já o produto está presente em 28 países espalhados pelo mundo, em lojas criteriosamente selecionadas e na loja online. “Em Lisboa, por exemplo, está apenas no Corte Inglês e no Colombo. No Azerbaijão encontra-se unicamente num dos armazéns mais luxuosos do país, a par de marcas como a Prada. Estamos a nivelar por cima, porque queremos que seja uma marca exclusiva. A estratégia é o acesso à marca ser restrito”, revela Paulo. Para já o balanço é positivo, ainda que esta fase inicial seja de penetração do mercado e de perceber o cliente. “Precisamos de pelo menos um ano para perceber. Mas está a correr bem”. O que já compreendem facilmente é que os mercados mais atraentes são a América Latina e do Norte, a Ásia e o Médio-Oriente, onde o jogador é visto como um ídolo. “Nesses locais a marca desperta imediatamente o interesse. Na Europa é apenas um jogador de futebol”.
Embora esteja a dar os primeiros passos, os planos de futuro da marca são ambiciosos e transcendem a carreira do jogador, tal como acontece com outros nomes do desporto como Michael Jordan, Fred Perry ou Björn Borg. “Queríamos mostrar algo do Cristiano Ronaldo para além da bola e do corpo escultural. A nossa perspectiva é que, como marca de moda e com um nome como este, o céu é o limite”, conclui o CEO.