Na quarta-feira, mais um candidato caiu às mãos da violência, abatido a tiro na sede de campanha a cerca de 35 km da capital. Mas o caso mais macabro – e também sem detenções à vista – será o da candidata Aidé Nava González, numa terreola do estado de Guerrero, o mesmo onde em Setembro 43 estudantes desapareceram sem deixar rasto, num crime cometido por narcotraficantes em conluio com a Polícia local.
Aidé, que tinha visto o marido ser assassinado à sua frente há um ano pelos narcos, os mesmos que lhe raptaram e nunca devolveram o filho de 15 anos, foi torturada e degolada por membros do grupo Puro Rojo ZNS. Ao lado da sua cabeça, uma mensagem: 'Isto é o que vai acontecer a todos os cabrões vira-casacas e políticos que não alinharem'.
Tudo na mesma
As sondagens não prevêem grandes mudanças na repartição do poder. O mais centrista PRI (Partido Revolucionário Institucional), do Presidente Enrique Peña Nieto, deve conquistar a maior fatia dos votos dos 83 milhões de eleitores, que escolhem deputados, governadores e representantes locais. A direita do PAN (Partido Acção Nacional) – única força que conseguiu furar uma hegemonia de 71 anos dos priistas – pretende passar a marca dos 25% obtidos nas últimas presidenciais, segundo o líder Gustavo Madero: com estas eleições, o PAN sonda terreno precisamente para as presidenciais de 2018.
Quem sai a perder é a esquerda. O PRD (Partido da Revolução Democrática) não parece refeito da perda de dois homens carismáticos: o fundador e 'líder moral' Cuauthémoc Cárdenas abandonou o partido em Novembro, já Andrés López Obrador tinha saído dois anos antes para fundar o Morena, ou Movimento de Regeneração Nacional. Votos desviados do PRD que podem enfraquecer a esquerda, analisam os comentadores políticos.
A vez dos independentes
Cidadãos sem filiações partidárias podem concorrer pela primeira vez. E estes novos actores políticos, num país em que 42% da população revela não ter partido, podem dar um abanão na hierarquia do poder mexicano. Aqui entra em campo o peso-pesado Jaime Rodríguez Calderón, mais conhecido como El Bronco – sinónimo de indomável.
Aos 57 anos, com o chapéu de cowboy a completar a imagem de macho, não é um novato: esteve 33 anos no PRI, mas saiu em Setembro para se apresentar em nome próprio. Entre os independentes, é descrito como o que tem mais hipóteses de singrar.
Concorre a governador do estado de Nuevo Léon, é activo nas redes sociais e considerado um populista. Mas El Bronco sabe o que é dar o corpo às balas: já escapou a dois atentados, quando era presidente da Câmara de García e dava luta aos narcos. Perdeu um filho que fugia a uma tentativa de sequestro, momento que se incumbiu da missão de mudar o México. Ou, como resume na página de campanha, “ser Bronco é uma atitude”.