A criança que há em ti

Sou daqueles que distingue bem o que são atitudes infantis e espírito de criança. Adoro, aliás, quando me dizem que tenho uma criança dentro de mim. Acho que vai cá estar para a vida. Acho não, tenho a certeza! O dia 1 de Junho passou, mas se há dia que merece ser celebrado e lembrado…

Na noite encontramos sempre um pouco dos dois. Aqueles que, ou por beberem de mais ou por se quererem armar em engraçadinhos para alguém, têm as chamadas atitudes infantis que normalmente dão mau resultado, ou resultam em amuos que estragam relações e desfazem amizades, ou acções desagradáveis, como as intromissões entre casais ou palavreado ordinário para esta ou para aquela miúda que não lhes liga patavina. O que é certo é que embora lhes chamemos infantis, estas atitudes são bem mais de adultos, porque estes têm atitudes muito mais irresponsáveis e graves do que os ‘pequenos’.

Aquilo que gosto mesmo é ver pessoas com o ‘tal’ espírito de criança à noite, pessoas divertidas, de bem com a vida e que fazem bem aos que estão à sua volta. Como diz um amigo meu, no fundo todos os que têm «a síndrome de Peter Pan». É isso que procuramos quando vamos beber um copo: aliviar o stress e ‘limpar’ a cabeça. O que procuramos é mesmo a ‘terra do nunca’, onde as brincadeiras não têm maldade, onde os sonhos se tornam realidade.

Há sempre quem critique ou quem não conviva bem com pessoas bem-dispostas. E não, não tem que ver com a crise, porque nos países mais pobres do mundo vemos muita alegria. É quase crime alguém usar do espírito jovem para brincar e divertir os outros. A tristeza e o ar sisudo ganham por decreto, até porque as pessoas preferem as notícias sobre as calamidades, as desgraças e as tristezas do que as boas notícias, e isso está provado.

Mais importante do que tudo isto, é, de facto, enaltecer quem nos faz bem, nos diverte e nos fascina. É isso, verdadeiramente, que procuramos na noite e na vida. Mais do que a beleza exterior, é de realçar quem nos faz rir, quem nos arranca um sorriso, mesmo nas alturas mais difíceis, quem tem a sinceridade dos mais jovens, a amizade dos que não pensam em retirar dividendos das boas atitudes. Porque são esses que nos fazem acreditar que ainda há almoços grátis, desde que soltes a criança que há em ti…