Na conversa que manteve com Zeinab Badawi para o programa da BBC World News, que será transmitido na íntegra na quinta-feira, Durão Barroso considera que no caso de saída da Grécia da união económica e monetária seria quebrado um tabu e criado um precedente, mas acredita que no final das negociações acabará por prevalecer o “senso comum” e um “espírito de compromisso”.
O antigo presidente da Comissão reconheceu a necessidade de atender às preocupações da Grécia “até um certo ponto, porque caso contrário poderia parecer que a zona euro é uma área sem regras na qual, se existe uma mudança de governo, o governo pode surgir com qualquer género de proposta que também seria prejudicial para o euro”.
“Isso colocaria de facto o euro em questão”, prosseguiu.
“Acredito que a bola está do lado grego. E após todos os sacrifícios feitos pelo povo grego é de facto uma pena que exista um governo que não parece ser suficientemente sensível às preocupações do povo grego porque eles querem permanecer no euro, cerca de 80% dos gregos, segundo as sondagens que vi, querem permanecer no euro”, disse.
Ao responder a uma questão de Zeinab Badawi sobre a eventualidade de um incumprimento forçado por parte de Atenas, e as afirmações do primeiro-ministro grego de que significaria o princípio do fim da zona euro, Durão Barroso rejeitou essa abordagem.
“É mau se acontecer, porque será quebrado um tabu, se um país sair da união económica e monetária será criado um precedente e não é bom que aconteça. Mas francamente já não estamos na situação em que estávamos…”, disse.
No entanto, admitiu que esse cenário “pode acontecer, se não existir um acordo entre a Grécia e os outros países”.
Durão Barroso reconheceu ainda que o ‘Grexit’ (saída da Grécia da zona euro) é uma possibilidade, mas acredita que não vai acontecer.
“Confio que existirá uma espécie de senso comum e compreensão do lado do Governo grego e também algum espírito de compromisso e adaptação pelos outros países. Mas, de facto, pode acontecer”, afirmou
Em caso de concretização desse cenário, o ex-presidente da Comissão Europeia considerou que a zona euro resistirá ao embate: “Julgo que vimos que o euro é credível, forte e estável. É uma das duas maiores moedas no mundo de hoje. Desde o início da crise que criámos instrumentos completamente novos e hoje todos os mercados sabem”.
E concluiu: “Trata-se de um problema específico grego mas não é de facto um problema para a área. Dizendo isto, decerto que penso que não vai acontecer. Seria sempre prejudicial caso se verificasse”.
A entrevista completa será transmitida na quinta-feira pelas 03:30, 08:30, 14:30 e 20:30 TMG (mais uma hora em Lisboa) no canal BBC World News.
Lusa / SOL