"O hospital começou a funcionar na segunda-feira", afirmou à agência Lusa Sandra Duarte Cardoso, presidente daquela organização não governamental (ONG), legalmente constituída há 10 anos.
O atraso deveu-se, segundo Sandra Duarte Cardoso, ao reconhecimento do diretor clínico por parte da Ordem dos Médicos Veterinários.
"A Ordem só reconheceu o diretor clínico há duas semanas. E a DGAV [Direção-Geral de Veterinária] ainda demorou uma semana a lá ir e a enviar a autorização", precisou.
A SOS Animal vai agora fazer as contas aos prejuízos destes "nove meses e meio de portas fechadas e a pagar contas", apontou a representante, falando em "despesas gigantes".
"O primeiro prejuízo começou em setembro, quando tínhamos tudo pronto e entregámos a documentação à Ordem, pensando que demorava um mês" até à abertura, explicou.
A partir daí, a organização começou a encomendar material, nomeadamente medicação que nunca foi usada, porque passou o prazo, e que foi dada a outras associações, contou Sandra Duarte Cardoso.
A responsável apontou também gastos com renda, água, luz, ordenados e impostos, com as avenças com empresas de gestão de resíduos e ainda com o licenciamento do sistema de 'software'.
A associação confrontou-se ainda, durante o processo, com a diminuição da equipa clínica: "Neste momento faltam-nos três pessoas que tiveram de aceitar postos de trabalho noutros sítios, de áreas como a clínica geral e a cirurgia".
Sandra Duarte Cardoso disse que a contabilização destes prejuízos, pagos pelos membros da direção, vai ser feita para que possa haver uma indemnização.
O hospital, onde há duas salas de consultas, uma de raio-x, um laboratório de análises, um bloco de cirurgia e três enfermarias (uma para gatos, outra para cães e uma outra para os casos infetocontagiosos), ocupa uma loja do Bairro da Horta Nova, arrendada à Câmara de Lisboa.
As obras de recuperação e adaptação do espaço, que estava degradado, demoraram cerca de três anos e meio.
As intervenções foram sendo feitas "aos poucos" com recurso a verbas da associação, dinheiro arrecadado em ações pontuais, doações do "maior mecenas" da SOS Animal (um hotel em Lisboa) e até da família de Sandra, de acordo com a representante.
O hospital tem três tabelas de preços: uma normal, para o público em geral, uma outra para os associados, associações e colaboradores da SOS Animal e outra para pessoas carenciadas, devidamente sinalizadas.
O facto de este ser "um bairro muito carenciado", vizinho de outro em condições semelhantes, o Bairro Padre Cruz, fez com que a SOS Animal optasse por instalar ali o hospital, "não só para dar apoio médico-veterinário e de saúde pública (neste bairros há situações de adultos e crianças com doenças passadas pelos animais), mas também para trabalhar com os moradores no aspeto de formação cívica e respeito pelos animais", explicou a representante à Lusa, em abril.