Há muito que o líder parlamentar dos bloquistas dava sinais de que temia não ser eleito, se continuasse como cabeça-de-lista por Aveiro, onde foi a votos em 2009 e em 2011, tendo neste último ano conseguido o lugar à tangente. Mas a reduzida popularidade de Soares foi determinante para rejeitar a disponibilidade para ir a votos pelo Porto, onde Catarina Martins – que chegou ser dada como certa em Lisboa – volta a ser primeira, afastando assim o seu líder parlamentar.
“Seria muito arriscado ter o Pedro Filipe Soares a liderar uma lista, ainda para mais no Porto. O BE está numa fase em que não se pode dar ao luxo de fazer experiências”, frisa um dirigente bloquista ao SOL.
A solução encontrada foi então colocar Soares como número dois da lista de Mortágua, a aposta do BE para inverter o ciclo de maus resultados eleitorais. “É óbvio que ele ficará ofuscado. A Mariana é neste momento o activo mais importante do partido e o resultado em Lisboa será dela”, acrescenta o dirigente.
Defender o resultado de 2011
As propostas das concelhias ainda não foram aprovadas nos órgãos do BE – a próxima Mesa Nacional acontece no dia 5 de Julho – mas há um acordo entre as duas moções mais votadas na Convenção de Novembro para defender o resultado de 2011 (5,17% dos votos e oito mandatos) e manter o equilíbrio entre as duas forças do BE.
Tal como avançou o SOL, Joana Mortágua é aposta dos bloquistas em Setúbal. A irmã gémea de Mariana, dirigente da UDP (corrente fundadora do BE), tenta ser eleita como cabeça-de-lista no círculo setubalense, que elegeu Mariana Aiveca, agora de saída da Assembleia da República. O número dois será ocupado por alguém afecto à 'moção E' de Pedro Filipe Soares, tal como em Aveiro.
Também a 'moção U' de Catarina Martins lança quatro nomes fortes. Além da própria porta-voz do BE e de Mariana Mortágua, aparecem João Vasconcelos (líder no protesto de utentes da Via do Infante), como primeiro em Faro, (no lugar de Cecília Honório, de saída) e José Soeiro. como número dois no Porto. Já Helena Pinto, João Semedo e Luís Fazenda saem. Fazenda é, aliás, o último fundador a abandonar a primeira linha de representação do partido.
