O que separa Atenas de Bruxelas

Os líderes da zona euro reúnem amanhã para tentar chegar a um acordo sobre o resgate da Grécia. Saiba o que separa a Atenas e os seus credores.

O que separa Atenas de Bruxelas

GRÉCIA

Reformas

Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia exigem mais reformas. Este pedido vai em linha com o estudo, por exemplo, do Peterson Institute for International Economics, no qual se defende que não houve austeridade excessiva, mas antes uma combinação de fraca consolidação fiscal com muito poucas reformas.

Metas orçamentais

De forma a que o país corte na despesa e possa aumentar o excedente orçamental, as instituições antes conhecidas como troika propõem um superávit de 1% para este ano, de 2% para 2016 e de 3% em 2017. A exigência anterior era de 1,5% para 2015.

Pensões

Os credores insistem que a Segurança Social é uma das áreas em que a Grécia apresenta maiores fragilidades. A troika quer um corte equivalente a 1% do PIB.

Impostos

Credores querem alterar produtos e serviços das taxas reduzida e intermédia do IVA para a superior com o objectivo de amealhar o equivalente a 1% do PIB. Jean-Claude Juncker desmente Governo grego ao dizer que não exigem o aumento do imposto no consumo da electricidade nem nos medicamentos.

Dívida

Nem a Comissão nem os Governos de cada país-membro admitem publicamente a hipótese de uma nova reestruturação. O Fundo Monetário Internacional admite a renegociação de prazos e de dívidas.

CREDORES

Reformas

A Grécia foi o país da OCDE que em 2014 mais barreiras reguladoras derrubou (seguido da Polónia e Portugal). No relatório do mesmo ano do Banco Mundial está em 8.º no top dos países com mais reformas ao nível mundial. No índice de facilidade em fazer negócios, elaborado pela mesma instituição, o país subiu 50 lugares desde 2008. Número de funcionários públicos emagreceu dramaticamente: de 2009 para 2013 foram cortados 267 mil postos de trabalho, mais de um quarto do total.

Metas orçamentais

O Governo de coligação aceita medidas que levem a um superávit de até 0,8% neste ano e de 1,5% em 2016. A Grécia foi o país que mais cortou no défice público, ao passar de 15,6% do PIB em 2010 para 3,5% em 2014.

Pensões

Um dossiê em que as posições estão extremadas. As pensões foram cortadas entre 20% e 48%, bem como o 13.º e 14.º meses (cortado ou abolido, consoante os rendimentos). Num artigo publicado ontem no jornal alemão Der Tagesspiegel, Alexis Tsipras defende que num país com 25% de desemprego, do qual 50% de emprego jovem, «as pensões dos mais velhos são o último refúgio de famílias inteiras».

cesar.avo@sol.pt